Título: Cunha quer que PMDB devolva cargos
Autor: Junqueira,Caio
Fonte: Valor Econômico, 01/09/2011, Política, p. A12

Uma semana após ter sido defenestrado do posto de relator da comissão que analisará o novo Código de Processo Civil, o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) deu seguimento ontem às retaliações contra os que se insurgiram contra sua indicação.

Ao lado dos outros sete deputados da bancada fluminense do partido, lançou um manifesto em que pede que seu partido entregue todos os seus cargos no governo federal. "Estamos empenhados no apoio à presidenta Dilma, independente de qualquer participação no governo, o qual teve o nosso empenho na eleição e vem tendo nosso empenho nas matérias de seu interesse", diz o manifesto, assinado pelos deputados federais Adrian, Nelson Bornier, Alexandre Santos, Solange Almeida, Eduardo Cunha, Washington Reis, Edson Ezequiel e Fernando Jordão.

Dizem, contudo, apoiar o líder da bancada, Henrique Eduardo Alves (RN), e "reafirmam o engajamento na sua candidatura à presidência da Câmara dos Deputados". Os deputados mencionam também "desconforto com as denúncias envolvendo os quadros do partido no governo, em situações onde os fatos denunciados são anteriores à gestão comandada pelo partido, mas que vêm provocando desgaste a todos nós".

Expressam ainda que gostariam de discutir temas relevantes como a prorrogação da DRU, "que implicará a perda da possibilidade de aumento dos gastos com saúde e educação, que deveriam, na nossa ótica, serem prioridades em nosso partido". Pedem, finalmente, apuração e investigação de "qualquer denúncia existente, seja por instrumento tradicional, ou seja por CPI, se for do entendimento de cada parlamentar".

O manifesto é considerado mais um passo de Cunha para demonstrar sua insatisfação com a perda da relatoria da comissão especial que analisará o Código de Processo Civil.

Removido do posto após críticas de correligionários, como o deputado Danilo Forte (CE), e da OAB, ele iniciou um processo de retaliação.

Primeiro, pediu à Comissão de Fiscalização e Controle investigações sobre denúncias de corrupção na Funasa entre 2007 e 2010, período em que Forte era seu presidente. Depois, atacou a OAB, dizendo ser seu exame uma "excrecência" e questionando a forma como a entidade angaria recursos com ele. Por fim, ontem pediu vista na Comissão de Constituição e Justiça do projeto que prorroga a DRU, uma das prioridades do governo para este ano.

Ao Valor, Cunha disse que "o manifesto é autoexplicativo". "É uma posição em face das manifestações da bancada que são diferentes de minhas posições. Reclamaram por cargo e emendas. Não queremos isso. Queremos marcar posição política", disse. Sobre o pedido de vista ao projeto que prorroga a DRU, ele afirmou ter atendido a um pedido do presidente da CCJ, João Paulo Cunha (PT-SP), uma vez que a oposição iria apresentar requerimento adiando a discussão. "Não estou em obstrução. Se for contra um projeto, votarei contra, o que não é o caso."

Questionado sobre o manifesto, o líder do PMDB disse respeitar o posicionamento do correligionário. "É uma posição da bancada do Rio que não é majoritária no partido. E há coisas boas ali, como o apoio ao governo Dilma e ao líder da bancada."