Título: União Européia destina 4 bilhões de euros para estimular integração com América Latina
Autor: Assis Moreira
Fonte: Valor Econômico, 10/05/2006, Brasil, p. A2

O Banco Europeu de Investimentos (BEI) prepara linha especial de financiamento a projetos de infra-estrutura que estimulem a integração na América Latina. O plano da União Européia (UE), seu controlador, prevê montante de 4 bilhões de euros no período 2007/2013 para a região, incluindo financiamentos tradicionais ao setor privado. O banco planeja passar a emprestar também em real, pela importância da economia brasileira e não apenas em moedas como euro e dólar.

As autoridades européias vão mencionar o novo mandato do BEI a líderes latino-americanos no Encontro de Cúpula UE-América Latina, que começa amanhã em Viena (Áustria). Mas o anúncio oficial será retardado. É que o orçamento europeu para os próximos seis anos não está aprovado pelo Parlamento Europeu.

Com a introdução da linha " Facilidade América Latina " , a UE quer incitar instituições financeiras européias e latino-americanas a apoiar a integração territorial com interconexão de redes de infra-estruturas nas áreas de energia, água, transportes, telecomunicações e pesquisa.

A soma é pequena, mas reforça financiamento com outras entidades da chamada " Iniciativa para Integração da Infra-estrutura Regional Sul-Americana (IIRSA) " , que tem projetos de infra-estrutura estimados em US$ 80 bilhões nos 12 países da área.

Para a UE, a quase ausência de redes transnacionais tem um custo elevado para a região. Qualquer melhora permitirá aumento significativo do desempenho comercial dos exportadores latino-americanos. Além disso, parte dos 4 bilhões de euros continuará sendo destinada a investimento de empresas européias. Elas recebem também do BEI garantia contra riscos políticos como expropriação, como ameaça acontecer na Bolívia.

No seu atual mandato pelo período 2000-2006, quase tudo do que o BEI financiou para a América Latina destinou-se ao Brasil. De 1,6 bilhão de euros para a região, 1,3 bilhão de euros foram investimentos europeus no país.

Investidores como Arcelor, British Gas, Continental, Daimler Chrysler, Endesa, Pirelli, Repsol, Shell, Stora Enso e Telefónica, tiveram acesso a financiamento barato do BEI (Libor mais uma pequena taxa).

A expectativa é de que quase 50% do dinheiro do BEI continue tomando o rumo do Brasil. O banco europeu acaba de aprovar empréstimo de US$ 50 milhões para o BNDES, para financiar pequenas e médias européias a investirem no Brasil. O BEI só financia diretamente grandes empresas. E repassa recursos através de operadores locais para atingir Pequenas e médias empresas.