Título: Com alta das ações, corredores valem R$ 3,3 bi
Autor: Vanessa Adachi e Ivo Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 10/05/2006, Empresas &, p. B1

A Brasil Ferrovias, que reúne as concessões da Ferronorte e da Ferroban, e a Novoeste Brasil, foram avaliadas em R$ 3 bilhões na venda feita à América Latina Logística (ALL). Desse total, R$ 1,4 bilhão representam o valor das ações das empresas compradas e R$ 1,6 bilhão correspondem às dívidas que serão assumidas pela ALL.

Originalmente, a proposta pela compra das ações foi de R$ 1,1 bilhão, explicou Bernardo Hees, presidente da ALL. No entanto, no curso das negociações, ficou acertado que o BNDES converteria R$ 310 milhões de debêntures em capital, o que elevou o valor das ações a R$ 1,4 bilhão e, consequentemente, reduziu a dívida total, que era de R$ 1,9 bilhão.

A disparada das ações da ALL na bolsa desde que a proposta foi apresentada, em 22 de março, no entanto, inflou ainda mais o valor recebido por Previ, Funcef, BNDES e demais acionistas.

A oferta foi feita atribuindo um valor de R$ 124,44 às "units" da ALL, média da cotação dos 30 pregões que antecederam o dia 22 de março. Cada "unit" representa uma ação ordinária e quatro preferenciais. Ontem, entretanto, a "unit" foi cotada a R$ 153,50. Com a valorização de 23%, os vendedores ganharam mais R$ 300 milhões. "Ninguém sabia que isso iria acontecer", comentou Hees.

De acordo com ele, ao se fazer uma simples "conta de padaria", pode-se dizer que a empresa está pagando bem abaixo da metade do valor de ALL por um negócio que pode ter o mesmo tamanho que ela. O valor em bolsa da ALL está em quase R$ 7 bilhões.

A realização desse ganho, entretanto, não será possível, pelo menos, não para os três principais acionistas. Previ, Funcef e BNDES estão impedidos de vender as "units" no prazo de um ano. Os demais acionistas têm liquidez imediata de seus papéis, se quiserem.

Ao emitir novas ações para abrigar os novos sócios, a ALL diluirá seus atuais acionistas em 20,2%, conforme antecipou o Valor. Ou seja, os acionistas atuais ficam com 79,8% da nova companhia.

Além das "units", Previ, Funcef e BNDES receberão 12 milhões de ações ordinárias vinculadas ao bloco de controle. Ou seja, terão 12% do total de ONs e dois assentos no conselho administrativo, de um total de onze. Os atuais controladores ainda conservam quase 40% das ONs. Todos juntos terão 51,93% das ONs da concessionária logística.

De acordo com Hees, o pagamento em ações foi fundamental para a ALL, pois permitirá que seu caixa, hoje em torno de R$ 1 bilhão, fique disponível para fazer os investimentos necessários nos trilhos adquiridos. (VA e IR)