Título: Emendas pavimentaram apoio do senador no interior
Autor: Cristiane Agostine
Fonte: Valor Econômico, 09/05/2006, Política, p. A6
A vitória do senador Aloizio Mercadante nas prévias de seu partido deve-se, em grande parte, à votação obtida pelo petista no interior do Estado, onde 55 dos 56 prefeitos do PT o apoiaram. Uma explicação para esse apoio está na lista de emendas individuais apresentadas pelo senador ao Orçamento da União de 2005, e direcionadas ao Ministério das Cidades.
O corte orçamentário revela que, das 55 emendas, 40 (72%) foram destinadas a municípios do PT, que administra menos de 10% das cidades paulistas. Dos cerca de R$ 2 milhões de recursos empenhados na pasta, R$ 1,6 milhão (80%) foram encaminhados para petistas, R$ 175,5 mil (8,7%) para a base aliada e R$ 146,25 mil (7,3%) para partidos da oposição.
Além da proximidade com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o mandato de Mercadante no Senado - onde exerce o cargo de líder do governo - o colocou na linha de frente da defesa do governo federal na crise do mensalão e em condições privilegiadas para a negociação de suas emendas parlamentares.
O senador contesta as facilidades do mandato. Afirma que relacionar suas emendas à vitória é um argumento "precário". "Sou senador por São Paulo e busquei encaminhar as demandas de todas as prefeituras que me procuraram com caráter republicano ." Menciona diversos ajudas concedidas a cidades controladas pela oposição. Toma ainda como exemplo suas emendas de 2005 feitas ao Ministério da Saúde. Das 18 cidades, apenas quatro são petistas. Nas demais, contemplou PSDB, PFL e PDT, ferrenhos opositores a Lula. Segundo o senador, o que explica a diferença entre as emendas da Saúde e da Cidades é que, na primeira, a preferência se deu por municípios com até 100 mil habitantes. Na segunda, ao fato de que as prefeituras do PT tinham mais demandas e a haver uma "forte equipe" paulista no ministério.
Entre os prefeitos, a influência das emendas em sua opção é apontada como secundária. Preferem dizer que o senador é mais bem preparado do que Marta. "Com ele, a defesa do governo Lula será melhor. O senador também apresentou diagnóstico detalhado dos problemas paulistas", afirma Edinho da Silva, prefeito de Araraquara, que garante: "Não há influência das emendas". Diferente opinião tem Francisco Neres Meira, prefeito da pequena Barão de Antonina. "Essa força política ajuda muito. O interior tem que ter uma referência lá em Brasília. Através de sua assessoria ele nos ajudou muito."
Na mesma linha está o único prefeito martista do interior paulista: Marcelo de Souza Cândido, de Suzano. Embora ressalte que as emendas não tenham sido decisivas na escolha feita pelos prefeitos, afirma que elas influenciaram. "Esse tipo de apoio influencia na opinião dos prefeitos. É inevitável. Mas isso não é decisivo."