Título: Nova usina põe o Rio entre os líderes no aço
Autor: Vera Saavedra Durão
Fonte: Valor Econômico, 06/12/2004, Empresa, p. B1
O projeto da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), joint venture confirmada na sexta-feira por Vale do Rio Doce e ThyssenKrupp Steel, deverá tornar o Estado do Rio de Janeiro em um dos maiores produtores de aço do país. Em quatro ou cinco anos, a capacidade instalada de produção no Estado pode alcançar 13 milhões de toneladas. Esse volume inclui usinas em operação e projetos já anunciados, como é o da CSA. Hoje, as três grandes siderúrgicas que operam no Estado têm capacidade total de quase 7,5 milhões de toneladas de aço bruto por ano - CSN (5,5 milhões), em Volta Redonda; Gerdau Cosigua (1,4 milhão); em Santa Cruz, distrito do Rio; Barra Mansa, do grupo Votorantim, em Barra Mansa. O projeto da CSA vai acrescentar 4,4 milhões de toneladas e há ainda as expansões já anunciadas de Gerdau e Barra Mansa. A Gerdau Cosigua investirá US$ 70 milhões para ampliar sua usina para 1,8 milhão de toneladas até 2007. Já Barra Mansa tem plano para duplicar sua capacidade de produção, chegando a 850 mil toneladas no mesmo ano. Minas Gerais, com a expansão da Acominas, vai a cerca de 12,5 milhões de toneladas em 2007. A usina da ThyssenKrupp, a ser instalada na área de Sepetiba, que envolve o distrito industrial de Santa Cruz e o município de Itaguaí, tem valor estimado em 1,3 bilhão de euros. Junto com a Vale, vai constituir uma empresa, a CSA, que irá conduzir os estudos de viabilidade da nova siderúrgica, com início de operação previsto para 2008. A Vale deverá ser minoritária no empreendimento, dentro sua estratégia para o setor, apurou o Valor. A mineradora busca atrair investimentos da siderurgia para o Brasil, visando elevar a venda de minério de ferro em contratos de fornecimento de longo prazo. A meta da Thyssen é ampliar a produção de aço fora da Alemanha, com destaque para o Brasil, sem reduzir produção na Europa, de 17 milhões de toneladas ao ano. Seu projeto é o terceiro anunciado este ano no modelo de parceria da Vale. Dois outros acordos foram acertados: com Baosteel e Arcelor e com Posco, ambos no Maranhão. O BNDES, na gestão de Guido Mantega, permanecerá aberto a apoiar com recursos estes projetos, podendo até ser acionista, disse uma fonte da instituição. O banco não quer mais é financiar compra de ativos, como o caso da CSN na época do descruzamento com a Vale. Isso endividou o acionista (Vicunha) e, por isso, hoje boa parte dos dividendos são usados para pagar a dívida. "Este dinheiro poderia ser usado pela CSN para fazer sua nova usina em Itaguaí", observou a fonte. Segundo o analista do Brascan, Luiz Caetano, os projetos de Baosteel/Arcelor e o de Posco somarão 11,5 milhões de toneladas de placas - 7,5 milhões da primeira e 4 milhões da segunda. Somando o da Thyssen, o Brasil adicionará à sua produção, em novos projetos, em 2008, cerca de 16 milhões de toneladas de placas ao ano.