Título: Pioneirismo tecnológico conta, mas nem sempre é sinônimo de sucesso
Autor: Talita Moreira
Fonte: Valor Econômico, 06/12/2004, Empresa, p. B4

O Google, dono do mais bem-sucedido mecanismo de buscas na internet, figurou na lista das empresas mais inovadoras do mundo elaborada pelo Fórum Econômico Mundial em 2002. A trajetória da companhia é o melhor exemplo de um negócio pequeno que, a partir de uma idéia genial, mudou a forma como as pessoas se comportam. A ferramenta desenvolvida pelo Google tornou-se tão comum para quem navega na internet que, hoje, é difícil lembrar que esta era uma inovação apenas três anos atrás (a pesquisa de 2002 refere-se a 2001). Nos EUA, o nome da empresa já está se transformando em verbo. Não é raro ouvir alguém conjugar o "to google" para se referir a uma pesquisa feita por meio do site. A expansão do Google culminou na oferta pública de ações de US$ 1,9 bilhão feita neste ano. O valor ficou abaixo do projetado pela companhia, mas sem dúvida foi a listagem em bolsa mais esperada desde o estouro da bolha da internet, no ano 2000. Nem sempre, entretanto, uma grande inovação é sinônimo de sucesso no longo prazo. Outra empresa que já freqüentou a lista elaborada pelo Fórum Econômico Mundial foi o Napster, site de download de música gratuito - e, na época, ilegal. O Napster foi um fenômeno em seus primeiros anos, mas desafiou a estrutura da bilionária indústria fonográfica e, ao final, saiu perdedor. A empresa foi bombardeada por ações judiciais e obrigada a se enquadrar. Comprada pela Roxio, fabricante de software multimídia, adotou o modelo de downloads pagos, mas não conseguiu obter o mesmo destaque do passado. O papel de principal loja de download de música foi ocupado por um concorrente mais recente, a iTunes, da Apple. Em muitos casos, a inovação do passado continua longe da realidade da maioria das pessoas. A Opera Software, integrante da primeira versão do estudo, em 2000, apostava em um navegador para telefones móveis que ajustava o formato dos sites da telona dos computadores para a telinha dos celulares. Só agora, porém, a internet móvel começa a ganhar força. Os investimentos em redes de telefonia de terceira geração ainda engatinham - ou inexistem - na maioria dos países. O Fórum Econômico Mundial não mede a taxa de sucesso das empresas que aponta como inovadoras. Mas Sohini Chowdury, gerente responsável pelo levantamento anual, afirma que a maioria delas continua "viva".