Título: Vale finaliza projeto para soja em Sepetiba
Autor: Francisco Góes
Fonte: Valor Econômico, 06/12/2004, Empresa, p. B6
A Companhia Vale do Rio Doce poderá anunciar até o fim do mês projeto para escoar soja pelo porto de Sepetiba, no sul do Rio. Hoje, o porto exporta minério, aço e cargas em contêineres e importa carvão e alumina. O projeto consiste em fazer o transbordo (transferência) de trens para caminhões, em um local no interior do Estado do Rio, da soja produzida no Centro-Oeste. O transbordo é necessário para viabilizar a operação já que ainda não existe acordo entre a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), controlada pela Vale, e a MRS Logística, principal malha ferroviária do Sudeste, sobre o acesso à Sepetiba. O Valor apurou que a soja será transportada desde o Mato Grosso pela malha da FCA até o interior do Rio. Uma fonte disse que o local escolhido para o transbordo será Getulândia, no município de Rio Claro. Dali a soja seguirá por caminhões até Sepetiba. O transbordo é uma operação cara, que reduz a margem da empresa de transporte. A Vale está disposta a pagar esse preço para não deixar de atender os clientes. A soja deverá ser escoada pelo mesmo terminal usado pela mineradora em Sepetiba por onde exportar minério. Fontes do setor avaliam que a Vale deverá perder dinheiro com a operação em um primeiro momento. Estima-se que o transbordo implica na perda de até 0,3% do volume de grãos. O projeto começaria a funcionar em maio de 2005 e, no ano, já movimentaria cerca de 1,5 milhão de toneladas. Seriam em torno de 200 caminhões circulando até Sepetiba por dia. Em uma segunda fase, o plano envolve transporte da soja por caminhões e trens até o porto. A intenção é que, em 2008, Sepetiba escoe cerca de 7,5 milhões de toneladas de grãos por ano. Procurada, a Vale não quis comentar o projeto. Segundo as fontes ouvidas, para chegar com o trem até Sepetiba a Vale estaria disposta a fazer parceria com a MRS para duplicar o trecho entre Barra Mansa (RJ) e o porto em bitola estreita, a mesma da FCA. Os comboios (locomotivas e vagões) conseguiriam transitar nesse trecho com velocidades de até 80 quilômetros por hora, acima da velocidade da MRS, que opera em bitola larga. Parte das locomotivas e trens encomendados pela Vale no exterior são para operação em bitola estreita, lembraram as fontes. Esse acordo é uma alternativa à recusa da MRS, dona da concessão da área de acesso a Sepetiba, à proposta da Vale para fazer um terceiro trilho no trecho da malha entre Barra Mansa e Sepetiba.