Título: Com Dilma, Senado será mais amistoso
Autor: Rothenburg, Denise; Jerônimo Josie
Fonte: Correio Braziliense, 09/09/2010, Política, p. 9

Se for mesmo eleita presidente como apontam as pesquisas, a candidata do PT, Dilma Rousseff, terá um Senado muito mais dócil na comparação com o governo Lula.

As consultas de intenção de voto mais recentes indicam que a estratégia de Lula, de trabalhar um conjuntomais amistoso no salão azul, deu certo. Os partidos aliados podem conquistar 41 vagas para sesomaràs 16quedetêmhoje, totalizando 57 cadeiras. A oposição, se nada mudar até 3 de outubro, elegerá 13 das 54 vagas em disputa, ficando comumtotal de 24 senadores. Essa conta, entretanto, não pode ser levada tão à risca, uma vez que o número inclui na base governista, por exemplo, o senador JarbasVasconcelos (PMDB-PE), que está em baixa nas pesquisas hoje para o governo pernambucano e, de volta ao Senado para cumprir mais quatro anos de mandato, continuará nas trincheiras contra o atual governo.

Ainda assim, o governo apostaem mais de 50 aliados.

Os governistas, emespecial os do PMDB, estão em festa. Em conversas reservadas, há quem diga que eles terão tudo para permanecer no comando do Senado.

Se as pesquisas estiverem corretas e eles conseguirempular a fogueira da Lei da Ficha Limpa, que chamuscou nomes como o de Jader Barbalho, do Pará, ficarão com a maior bancada: 19 senadores.

O PMDB aposta ainda em virada no Rio de Janeiro, onde, pela última consulta, Jorge Picciani aparecia em quarto lugar, atrás do petista Lindbergh Farias, de CésarMaia e deMarceloCrivella.

Se a mudança de posição ocorrer, oPMDBpode chegar a 20 senadores. Nos bastidores, os peemedebistas têm dito que, com Sérgio Cabral praticamente eleito, a prioridade dessas semanas se volta para os candidatos a senador, Picciani e Lindbergh.

Lula não se envolverá nessa campanha porque tem no senador Crivellaumaliado leal.

Logo atrás vem o PT, que se prepara para eleger 12 senadores, quatro a mais do que tem nessa legislatura, e ficar com 13isspor causa do suplente de Renato Casagrande (PSB-ES), a quem muitos já se referem como futuro governador do Espírito Santo, uma vez que as pesquisas mais recentes indicam a vitória no primeiro turno. O PT ficaria, nesse caso, empatado em número de senadores com o PSDB, que ficará com 13 senadores, três amenos do que tem hoje. A conta de senadores petistas não inclui Fernando Pimentel, uma vez que o própriocomandopartidário considera difícil hoje que ele ultrapasse as intenções de voto do expresidenteItamarFranco, aquem os mineiros, segundo os próprios petistas, parecem interessados emrenderumahomenagemnesta eleição, fazendo dele senador.

Polêmica Quem perderá mais nessa conta é o Democratas. Por isso, na oposição, a palavra de ordem para as próximas três semanas é sobrevivência. Os senadores que ainda estão em campanha mas apresentam boa pontuação nas pesquisas vão às ruas de olho no desempenho dos colegas de partido em outros estados, mas tratam de esconder as preocupações futuras. O senador Demostenes Torres, do DEM de Goiás, é um exemplo. No estado, o parlamentar lidera as sondagens de intenção de votos e a tucana Lúcia Vânia garante a reeleição, segundo as estimativas.

Demostenes também comemora o desempenho eleitoral deMarconi Perillo (PSDB), favorito para levar o governo goiano.

Mas quando o assunto é a bancada da oposição no Senado em 2011, desconversa. Temque ver quantos vamos eleger e a partir daí definir a estratégia. O PSDB também evita fazer essas contas. O senador Agripino Maia (DEM-RN), ex-líder do seu partido na Casa, ainda tem esperanças numa virada dos candidatos tucanos. Qualquer cálculo é prematuro. Quem garante que Paulo Bauer (PSDB-SC) não vai ser eleito e que Paulo Paim (PT) vai ser eleito. Tudo isso é muito prematuro, alega. Ele cita, por exemplo,ocaso de Antonio Anastasia, candidato ao governomineiro, que começou a reagir nas pesquisas e hoje disputa voto a voto com o candidato do PMDB, Hélio Costa. A conta dos tucanos também não inclui Maria de Lourdes Abadia, em terceiro nas pesquisas de intenção de voto no Distrito Federal, atrás de Cristovam Buarque (PDT) e Rodrigo Rollemberg (PSB).