Título: Trabalho infantil:quase1milhãonas ruas
Autor: Leite, Larissa
Fonte: Correio Braziliense, 09/09/2010, Brasil, p. 10

Apesar de o trabalho infantil manter a tendência de queda verificada nos principais levantamentos desde a década de 1990, ainda há 4,2 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos exercendo alguma atividade para obtenção de dinheiro no paísquase 10% da população nessa faixa etária. Se contabilizados apenas meninos e meninas com menos de 14 anos, idade em que é proibido trabalhar no Brasil, são pouco mais de 900 mil. As informações fazemparte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) e foram interpretadas com cautela pela Organização InternacionaldoTrabalho (OIT).

Segundo Renato Mendes, coordenador nacional do Programa de Combate ao Trabalho Infantil da OIT, a Pnad mostra uma queda sustentada do problema enquanto em 2008 havia 10,2% das pessoas entre 5 e 17 anos trabalhando, a proporção em 2009 foi para 9,8%.Mas o ritmo dessa diminuição, na avaliação dele, é muito lento. Nos quatro anos de maior crescimento econômico, houve notável redução da pobreza e da desigualdade no Brasil, mas ainda assim os índices de trabalho infantil não caem fortemente. Então precisamos verificar o que está errado, critica. Ele aponta a necessidade de estados e municípios criarem e fortalecerem programas locais de combate à exploração da mão de obra infantil.

A Região Nordeste concentra quase metade da população de 5 a 17 anos que trabalha. Os índices entre as crianças menores, de 5a9anos,sãoosquemenoscaem ao longo do tempo. Em 2008, 0,9% deles trabalhavam, passando para 0,8% em 2009.Mariana (nomefictício), hojecom11 anos, vende chicletes na Rodoviária do Plano Piloto ao menos três vezes na semana. De manhã, a garota frequenta a escola próxima de sua casa, em Planaltina de Goiás, onde faz a segunda série. À tarde, vai para o terminal no centro de Brasília. Diariamente, ela consegue vender cerca de 30 tabletes da guloseima, cadauma R$ 1. As pessoas compram, é fácil acabar com as três caixinhas que trago, gaba-se a menina.