Título: Empresas suecas abrem escritórios no país para estimular importações
Autor: Raquel Landim
Fonte: Valor Econômico, 11/04/2006, Brasil, p. A2

Apesar do frenesi em torno da Ásia, os investidores da distante Suécia não se esquecem do mercado brasileiro. Para aproveitar o real forte, empresas suecas estão deixando de atuar por meio representantes e abrem escritórios comerciais no país. O objetivo é facilitar a importação dos seus produtos e melhorar a assistência técnica aos clientes.

A Flir, fabricante de equipamentos de infravermelho, abriu escritórios no Brasil, na China, na Índia e no Japão em 2005. O Brasil foi escolhido para sediar a base da empresa na América do Sul por concentrar metade das encomendas, conta Paul Verminen, gerente-geral na região. "Tomamos essa decisão por conta do aumento da demanda. Vendemos equipamentos caros e o cliente precisa de um apoio técnico adequado", diz o executivo.

Uma câmara de infravermelho da Flir custa entre R$ 250 mil e R$ 350 mil. A empresa planeja colocar no mercado brasileiro este ano câmaras de R$ 35 mil para disseminar o uso da tecnologia. Os equipamentos de infravermelho foram criados para uso militar, mas adaptados para fins civis a partir da década de 70.

Está aumentando o número de aplicações para esses aparelhos. Segundo Verminen, a unidade da empresa na Suécia produz hoje por mês o que fabricava por ano no início da década. No Brasil, os principais clientes são empresas transmissoras de energia e companhias petrolíferas.

Fabricante de motores hidráulicos, a Hägglunds possui 15 escritórios comerciais em todo o mundo. O Brasil é o mais novo deles, conta o presidente da Hägglunds no Brasil, Leif Duwel. O escritório brasileiro atende também na Argentina, Peru, Bolívia, Uruguai e Paraguai.

Existem hoje 180 empresas suecas instaladas no Brasil. Muitas chegaram há décadas e instalaram bases industriais no país, como Volvo, Scania, Electrolux ou Tetra Pak. Juntas, essas empresas faturaram R$ 16,6 bilhões em 2004, alta de 67% em relação a 2000, segundo pesquisa do recém-criado Conselho de Comércio Exterior da Suécia.

Os investimentos das companhias suecas instaladas no país aumentaram 150% entre 2000 e 2004, passando de R$ 955 milhões para R$ 2,4 bilhões, conforme a pesquisa. O número de contratações cresceu 18% no período, de 28,6 mil empregados para 34 mil. Ainda segundo a pesquisa, entre três e seis empresas suecas se instalam no país por ano.

"A China é um país que está na moda, atrai investimentos, cresce. Mas o Brasil é um investimento de longo prazo para as empresas suecas, que começou na década de 50", diz Johan Fazer, presidente do conselho. "O que está acontecendo na China agora, já ocorreu no Brasil 50 anos atrás".

Mas o intercâmbio comercial entre os dois países é irrelevante. Entre 2000 e 2004, as exportações do Brasil para a Suécia cresceram 100%. Mas a alta não é contínua. Após saltar mais de 60% em 2003 e 2004, cresceram 9% em 2005. A Suécia representa menos de 0,5% das exportações brasileiras. O Brasil apura déficit no intercâmbio com a Suécia desde 1987. Em 2005, o saldo negativo foi de R$ 366 milhões.