Título: Centro-Oeste perde renda
Autor: Batista, Vera
Fonte: Correio Braziliense, 09/09/2010, Economia, p. 16

Diminuição dos pagamentos do trabalho é de 0,6% e marca a região como a única a ter queda no indicador

O aumento da renda média real do trabalhador brasileiro, divulgado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi o dado mais comemorado pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. De acordo com o estudo, a renda cresceu 20% no país, entre 2008 e 2009.Omelhor resultado, acima da média nacional, foi na Região Nordeste, com alta de 29%. A Região CentroOeste, no entanto, foi a única que apresentou queda (-0,6%), apesar de concentrar o maior nível de renda da nação.

Essa contradição, de acordo comMaria LúciaVieira, gerente da Pnad, aconteceu porque os ganhos da base e do pico da pirâmide social sofreram abalos no ano passado.Na Região CentroOeste, os muito ricos tiveram perdas de 2,8% nos rendimentos e os muito pobres viram suas rendas encolherem em 0,5%. No Brasil como um todo, os mais pobres tiveram aumento real de 5,9%.Maria Lúcia ressalta que os considerados muito ricos, no Centro-Oeste, estão entre os que recebiam, em 2009, acima de R$ 5.992. E os muito pobres eram os que viviam com até R$ 181.

A gerente da Pnad salientou que os trabalhadores na faixa intermediária de renda, no RETRATOS DO PAÍS Centro-Oeste, passaram a ganhar mais. Quem ganhava, na Região Centro-Oeste, entre R$ 181 e R$ 412, por exemplo, teve alta no rendimento médio de 4% entre 2008 e 2009. E quem recebia entre R$ 412 e R$ 468 elevou os ganhos em 6,8%, ressaltou.

Mesmo assim, a região ainda se mantém em segundo lugar entre as que apresentam a maior concentração de renda pelo Índice Gini (que mede o grau de desigualdade), que caiu de 0,552 para 0,540. O CentroOeste só fica abaixo da Região Nordeste (0,542). O Distrito Federal teve o maior Índice Gini (0,582), em 2009.

Com tamanho desequilíbrio social, na Região Centro-Oeste é onde se encontra o maior percentual de ricos.De acordo com a pesquisa, 3,1% da população ganham entre 10 e 20 salários mínimos; e 1,3% recebem acima de 20 salários mínimos. Os homens continuam recebendo mais que as mulheres. Estão entre os 3,6% com rendimentos entre 10 e 20 salários e são 1,8% que ostenta ganhos acima de 20 mínimos. Das mulheres do Centro-Oeste, 2,4% estão na faixa entre 10 e 20 mínimos e 0,6% vivem com ganhos acima de 20 salários. Os homens continuam ganhando mais que as mulheres em qualquer região.

O rendimento médio deles no país está em R$ 1.180, enquanto suas parceiras ganharam R$ 634, em 2009.

Incremento Os dados da Pnad mostram ainda que em todo o país, o rendimento médio mensal cresceu 2,3%, considerando todas as fontes de renda, e chegou a R$ 1.088. Já a média de ganhos com o trabalho aumentou 2,2% e totalizou R$ 1.111. O incremento foi também comemorado pelo governo, apesar de ter ficado abaixo das altas registradas nas comparações entre 2006 e 2007, que foi de 3,1%, e do bom resultado verificado entre 2006 e 2005, com crescimento na renda média de 7,2%.

A justificativa dos técnicos do IBGE para esse tímido crescimento da renda dos trabalhadores entre 2008 e 2009 foram as perdas e ganhos decorrentes da crise econômica global.