Título: Fortalecido, Garotinho diz que só faz acordo com PSDB no 2º turno
Autor: César Felício
Fonte: Valor Econômico, 11/04/2006, Política, p. A11

Fortalecido com os resultados da pesquisa Datafolha que revelou um crescimento de três pontos percentuais nas intenções de voto, simultaneamente à queda de dois pontos do candidato tucano Geraldo Alckmin, o pré-candidato do PMDB a presidente da República, Anthony Garotinho, rejeitou ontem qualquer eventual acordo com o PSDB para o primeiro turno das eleições. "Eu e o governador Alckmin somos pessoas que respeitamos um ao outro. Falamos por telefone, conversamos, mas sempre tratando de assunto de segundo turno", disse. Na pesquisa, Garotinho tem 15%, atrás de Alckmin (20%) e Lula (40%). Sobre a possibilidade de apoio à chapa tucana caso não consiga chegar ao segundo turno, o ex-governador fluminense disse que essa situação só poderia ser definida pelo partido.

Garotinho reuniu em uma churrascaria de São Paulo cerca de 300 militantes. O local do encontro foi escolhido a dedo: a capital paulista é reduto de Orestes Quércia, um dos principais opositores da sua candidatura. Nas prévias do partido, o ex-governador paulista apoiou a candidatura do governador gaúcho Germano Rigotto. Derrotado, lançou a candidatura do ex-presidente Itamar Franco. Quércia não compareceu ao evento, que teve presença dominante de políticos mineiros e fluminenses. De São Paulo, estiveram alguns malufistas históricos, como o vereador Agnaldo Timóteo e o ex-prefeito de Osasco, Francisco Rossi. Religiosos, chegaram a entoar, juntos, a música "Segura na mão de Deus".

Das grandes lideranças do partido, apenas o presidente nacional, Michel Temer, esteve presente. Na ocasião, anunciou uma reunião com todos os candidatos a governador no dia 19, na qual se reunirão Garotinho, os candidatos a governador e os presidentes estaduais da legenda. "Vamos estudar as realidades locais, conjugando-as com a idéia da candidatura própria. Temos que prestigiar também as nossas regiões, e o próprio Garotinho não quer prejudicar essas candidaturas. O que queremos é compatibilizar as duas candidaturas: nacional e as estaduais", disse. Sobre a candidatura Itamar, Temer disse que qualquer um que queira ser pré-candidato do partido poderá se apresentar na convenção nacional, marcada para junho.

Garotinho disse ter telefonado a Quércia convidando-o para o ato. O ex-governador paulista teria justificado a ausência com compromissos já assumidos. Em seu discurso, Garotinho elogiou a gestão de Quércia em São Paulo e disse ser ele seu candidato ao governo do Estado. "Disse a ele: sou candidato a presidente da República e o senhor é meu candidato a governador. Tenho profundo respeito por Orestes Quércia. Homem de bem, com as mãos limpas. Orgulho de todos os brasileiros."

Por outro lado, atacou a ala governista do PMDB, em especial o senador José Sarney (AP). "Tem um aí dizendo que eu não tenho condições de ser candidato do PMDB, mas a filha dele é candidata do PFL. Eu não fiz distribuição partidária na minha família." E prosseguiu: "Olhando bem, ele nunca mudou, os governos é que mudaram. Ele sempre esteve lá." O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também foi criticado. "O Renan diz que a minha candidatura atrapalha o PMDB e o candidato dele lá em Alagoas (Teotônio Vilela Filho) é do PSDB."