Título: Para PFL, queda de tucano pode ser revertida com alianças estaduais
Autor: César Felício
Fonte: Valor Econômico, 11/04/2006, Política, p. A11

A queda registrada pelo pré-candidato a presidente pelo PSDB, Geraldo Alckmin, na pesquisa realizada pelo Datafolha na semana passada foi vista no PFL - seu maior aliado - como um alerta, para que o ex-governador de São Paulo organize suas alianças partidárias nos Estados e adote uma postura mais ofensiva na campanha.

"Está faltando organização. A candidatura está posta, mas ainda na defensiva", definiu o líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), um dos nomes cotados para ser o candidato a vice na chapa de Alckmin. Segundo Agripino, o tucano precisa organizar seu arco de alianças partidárias e sua assessoria de campanha.

"Com a estrutura montada, ele precisa partir para o ataque: mostrar o que fez como governador de São Paulo e o que vai fazer como presidente", disse o pefelista. Para Agripino, Alckmin tem credibilidade e munição para crescer, mas ainda "não entrou na disputa real".

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), integrante da ala do seu partido contrária à candidatura própria à Presidência da República, minimizou o crescimento do ex-governador Anthony Garotinho (Rio de Janeiro) nas intenções de voto registradas na pesquisa do Datafolha. Para Renan, Garotinho não será homologado candidato do PMDB a presidente na convenção nacional de junho, porque não unifica as correntes do partido. Além disso, ele acha que os candidatos do PMDB a governador são contra a candidatura própria, já que ela impedirá alianças eleitorais nos Estados com outros partidos que estejam na disputa presidencial, como o PSDB, o PFL e o PT.

No dia 19, Garotinho irá se reunir com os candidatos do PMDB a governador e os presidentes dos diretórios. Será discutida a conveniência ou não da candidatura própria, diante das alianças partidárias que estão sendo costuradas nos Estados.

"O problema não é de nomes. Eu não tenho nada contra o Garotinho. É que, com a verticalização, a candidatura própria impede a maioria das alianças formadas nos Estados. E o partido não tem um candidato que unifique as correntes", disse Renan. A coerência entre a aliança partidária nacional com as coligações estaduais é exigida pela regra da verticalização.

O presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini (PT-SP), comentou ontem as pesquisas, e também a pressão da oposição sobre o ministro Márcio Thomaz Bastos, atribuindo a isto o "medo das urnas". "A oposição treme em função das urnas que vai enfrentar em outubro", disse o deputado na porta do Ministério da Fazenda, ao sair de uma visita ao ministro da Fazenda, Guido Mantega. Berzoini, embora considere os resultados positivos, procurou minimizá-los, por causa do tempo que falta para o pleito. "Pesquisas não me emocionam. Nem as boas nem as ruins". Na sua opinião, as eleições serão "duras". Por isso, defende que o PT tenha "muita humildade" ao definir sua estratégia para dialogar com a opinião pública.

A reunião com Mantega durou 10 minutos. "Vim trazer meu abraço e dizer que o PT está a disposição para contribuir nessa gestão". (Colaborou Mônica Izaguirre)