Título: Serra rechaça possibilidade de vir a substituir Alckmin
Autor: César Felício
Fonte: Valor Econômico, 11/04/2006, Política, p. A11

Em posição desvantajosa nas pesquisas, o ex-governador paulista e pré-candidato a presidente pelo PSDB, Geraldo Alckmin, recebeu ontem a garantia de apoio do ex-prefeito paulistano e pré-candidato a governador paulista pelo partido, José Serra. A sinalização foi dada por declarações dos aliados mais próximos do ex-prefeito, que descartaram qualquer possibilidade de Serra substituir Alckmin como o candidato do partido. Rafael Jacinto/Valor - 1/3/2001 Nunes Ferreira: "Serra é inteligente, leal e não faria uma manobra canhestra que destruiria completamente o PSDB"

"Aventar esta possibilidade é uma infâmia e atribuir a iniciativa desta discussão a tucanos enfureceu Serra", disse o secretário municipal de Governo, Aloysio Nunes Ferreira Filho. Segundo o tucano, "Serra é inteligente, leal e não faria uma manobra canhestra que destruiria completamente o PSDB". Nunes Ferreira afirmou que, mesmo sendo candidato a governador de São Paulo, Serra poderá até participar de comícios pró-Alckmin fora do Estado.

Os tucanos contam com os programas regionais do PSDB de rádio e televisão, em maio, e o programa nacional, em junho, para impulsionar o candidato a sair da barreira de 20% nas intenções de voto em que se encontra desde o início do ano. Já Serra, com cerca de 60% das intenções de voto em São Paulo, deverá suspender a campanha este mês, para se recuperar de uma cirurgia de hérnia epigástrica à qual se submeteu ontem à noite.

A simples menção à possibilidade de uma troca de candidaturas deixa Serra vulnerável a ataques, além de desestabilizar Alckmin. Ontem, o pré-candidato do PT ao governo paulista, o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (SP) usou a especulação para atacar Serra. "Sua ambição pessoal o transformou num 'candidato trampolim', que se agarra a qualquer oportunidade eleitoral e, com isso, consegue manter seu nome no noticiário", disse Mercadante por meio de uma nota distribuída por sua assessoria de imprensa.

Para o petista, Serra "está em permanente campanha há quatro anos - desde a presidencial, passando logo em seguida para a de prefeito, depois para a pré-candidatura a presidenciável do PSDB, e agora, para a campanha a governador".

Ontem, em Teresina, Alckmin anunciou o senador Heráclito Fortes (PFL-PI) como coordenador conjunto de sua campanha eleitoral, representando o PFL junto ao coordenador geral, o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE). O candidato deve estar hoje em Brasília, onde amanhã será instalada a equipe que fará a primeira versão de seu programa de governo, coordenada pelo ex-secretário estadual João Carlos de Souza Meirelles.

De acordo com Meirelles, o partido indicará um coordenador para cada pasta no Ministério, que irá conduzir as propostas temáticas. Deste modo, haverá um coordenador para Agricultura, outro para Transportes, outro para Educação e assim por diante. Os coordenadores, segundo Meirelles, não necessariamente estarão filiados ao PSDB. A princípio, a presença de Alckmin no começo das atividades não é prevista, para não superestimar o evento. "De maneira alguma queremos que este grupo de estudos seja visto como uma espécie de ministério paralelo", afirmou Meirelles.