Título: Corrida ao crédito
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 09/09/2010, Economia, p. 17

Enquanto as despesas com alimentação encolhem e na mesma trajetória seguem os itens de vestuário, fumo e artigos de limpeza , o brasileiro passou a consumir mais viagens, eletrodomésticos, produtos e serviços relacionados à saúde e a direcionar recursos também para a manutenção e aquisição de veículos. Tudo, é claro, parcelado.

Com o surgimento da nova classe média e o mercado de trabalho pujante e mais formalizado, o crédito está cada dia mais fácil. Aliás, disparou.

Os consumidores com rendimentos mensais de até R$ 500 estão recorrendo em massa ao sistema financeiro. No acumulado do ano, até agosto, eles demandaram 61,6% mais crédito do que em igual período de 2009. A parcela da população com renda entre R$ 2 mil e R$ 10 mil também destaca-se na procura por financiamentos.

Na comparação com um ano atrás, esse contingente de pessoas buscou 50,5% mais recursosemempréstimos.

O Nordeste, por exemplo, que ainda é consideradoummercado de consumo em amadurecimento por concentrar uma população de recursos escassos, tornouse a região do país que mais tem feito uso de empréstimos e financiamentos.

Emagosto, esses brasileiros demandaram 7,3% mais crédito do que em agosto. Nenhuma outra região buscou tantos recursos.

Confiança OSudeste figurouemsegundo lugar, com avanço de 4,3% na variação mensal. A região foi beneficiada pela recuperação da produção industrial. Gerou-se emprego na indústria e na construção civil, o que tem formalizado o mercado de trabalho e dado às pessoas acesso ao crédito, justificou Luiz Rabi, da consultoria Serasa Experian. A empresa mostra que a confiança dos consumidores segue em alta em razão do mercado de trabalho aquecido, com aumento do emprego e da renda. Comesses ingredientes, o trabalhador sentiu-se estimulado a buscar mais crédito e arriscarseemprestações.

No país, o resultado de agosto, na comparação com o mesmo mês do ano passado, avançou 14,3%. No acumulado do ano, a alta está em 15,3%, em relação ao mesmo período de 2009. Para o restante do ano, a demanda por financiamentos deve continuar aquecida, mas não batendo recordes, como em agosto, avalia Rabi. O Natal está chegando e com ele vem o 13º salário. Com a entrada desses recursos na economia, o segundo semestre vai serumperíodo de consumo muito forte. (VM)