Título: Moradia é prioridade
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 09/09/2010, Economia, p. 17

Brasileiro destina maior parte do orçamento para adquirir a casa própria. Despesa supera acommóveis e alimentos O sonho da casa própria está tomando conta do orçamento e os financiamentos superando os gastos com itens básicos de consumo.

Em 2010, os brasileiros irão desembolsar R$ 545 bilhões para sair do aluguel, de acordo com o estudo sobre hábitos de consumo IPCMaps. O montante é quase umquarto de tudo o que as famíliasdevemgastarnoano, recursos que sairão do bolso em prestações e estão impulsionando fortemente a demanda por crédito.

Em agosto, essa procura avançou 3,6% frente a julho, atingindo o maior resultado desde 2003, quando o levantamento passou a ser feito pela Serasa Experian.

Além de moradia, o brasileiro também está em busca de geladeiras, fogões e outros itens duráveis e, mesmo após o fim do incentivo fiscal para a aquisição desses produtos, ele continua com uma sede insaciável por compras. Todas as classes estãoprocurando mais crédito. Quanto maior a renda, mais se procura os financiamentos, explicou Luiz Rabi, gerente de indicadores de mercado da Serasa Experian.

Marcos Pazzini, responsável pelo levantamento do IPC Maps, detalha a informação: O grosso desses gastos são com o pagamento de prestações e aquisição de imóveis.

Questões básicas Ainda de acordo com Pazzini, o brasileiro está consumindo mais e financiando todas essas compras. Ele está comprometendo menos a renda com questões básicas para consumir com mais qualidade e adquirir itens de outras categorias, que antes eram inacessíveis, ponderou. A casa própriaganhou tamanha importância no orçamento que, fora os gastos para adquirir uma residência, o brasileiro vai desembolsar mais R$ 539,3 bilhões com a manutenção do lar. Em contraponto, alimentar-se em casa, que um dia já ocupou o posto prioritário nas contas das famílias, terá um desembolso de R$ 222,3 bilhões este ano.

Em agosto, todas as faixas de rendimento pessoal mensal apresentaram crescimento em suas demandas por crédito. Pelos números da Serasa, os destaques foram os consumidores que ganham entre R$ 2 mil e R$ 5 mil mensais (alta de 4,3% frente a julho) e os que têm rendimento entre R$ 5 mil e R$ 10 mil por mês (4,7%). No acumulado do ano, os consumidores de baixa renda, que ganham até R$ 500 por mês, continuam liderando a busca por crédito, registrando crescimento de 34,4% no período de janeiro a agosto de 2010 na comparação com igual período de 2009.