Título: Produção no Vale pode ter taxa fitossanitária
Autor: Raquel Balarin
Fonte: Valor Econômico, 21/06/2006, Especial, p. A12

A transformação do Vale do São Francisco em uma Área de Proteção Fitossanitária (APF) pode ser a saída para cobrar dos produtores pela liberação de insetos estéreis usados em controle de pragas, como a da mosca-da-fruta. Uma idéia em gestação é a instituição de uma taxa fitossanitária sobre a fruta produzida no Vale e vendida fora da região. Estudos preliminares indicam que, hoje, essa taxa seria de R$ 16 por tonelada de fruta. Os recursos da venda das frutas seriam arrecadados por uma fundação, que gerenciaria as iniciativas de controle fitossanitário. "Isso já é feito em Mendoza, na Argentina, e no Canadá. O controle passa a ser centralizado", diz Aldo Malavasi, diretor-presidente da Moscamed Brasil. Segundo ele, é difícil depender unicamente da conscientização do produtor.

A técnica de moscas estéreis beneficia não apenas a plantação onde elas foram liberadas, mas também as da sua região - pelo simples motivo de que o inseto se movimenta, enquanto o inseticida é pulverizado em uma área determinada. Para o controle da praga, isso é uma vantagem. Mas passa a ser uma dificuldade na hora de cobrar pelo serviço. Malavasi defende que a cobrança seja feita sobre a venda das frutas porque isso torna o processo democrático, já que todos os produtores locais serão beneficiados com a técnica.

O controle das pragas é essencial para a sobrevivência do Vale do São Francisco, maior região produtora e exportadora de frutas do país (mais de 92% da uva e da manga vendidas ao mercado externo pelo Brasil saem de lá). Hoje, por conta da mosca-da-fruta, toda manga da região exportada aos Estados Unidos, por exemplo, tem de passar por um tratamento hidrotérmico. As frutas passam por um processo de imersão em água a 46 graus por 75 a 90 minutos.

"Só no ano passado gastamos US$ 650 mil com um inspetor americano que acompanha esse processo das mangas. Isso é custo para os produtores", explica Alberto Galvão, superintendente da Valexport, entidade que reúne exportadores da região.(RB)