Título: PSDB prepara prévias com debates iguais aos do PT
Autor: Cunto,Raphael Di
Fonte: Valor Econômico, 27/09/2011, Política, p. A8
Com a avaliação interna de que o ex-governador José Serra (PSDB) realmente não vai concorrer à Prefeitura de São Paulo em 2012, o PSDB da capital paulista se organiza para escolher entre os quatro pré-candidatos do partido por meio de prévias. O diretório municipal aguarda a direção estadual bater o martelo na quinta-feira sobre as regras da eleição para definir o cronograma de reuniões e já prepara debates com lideranças nacionais da legenda, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Disputam a preferência dos tucanos o deputado federal Ricardo Tripoli e os secretários estaduais de Energia, José Aníbal, de Cultura, Andrea Matarazzo, e de Meio Ambiente, Bruno Covas, último a oficializar a intenção de participar das prévias ao transferir o domicílio eleitoral de Santos para São Paulo ontem.
O primeiro evento será em meados de outubro e reunirá os quatro pré-candidatos e o ex-presidente para discutir o tema metrópoles sustentáveis. O partido pretende, a partir desta reunião, iniciar uma "agenda propositiva" para apresentar seus quatro representantes e definir os projetos que defenderá na campanha.
Essa discussão será feita nos 53 diretórios zonais, a exemplo do que ocorre com as caravanas do PT, e em debates temáticos com a presença de lideranças nacionais da legenda, como o senador Aécio Neves (MG) e o governador do Paraná, Beto Richa. "Queremos envolver todos os filiados nas prévias para deixar o partido mobilizado para a eleição", afirma o líder da bancada do PSDB na Câmara Municipal, vereador Floriano Pesaro.
O diretório estadual do PSDB deve referendar na quinta-feira resolução aprovada ontem à noite pela comissão executiva estadual que permite a qualquer eleitor filiado até o fim de setembro votar nas prévias - alguns tucanos defendiam que apenas os delegados partidários pudessem opinar, tese derrotada na direção estadual. A decisão permitirá que cerca de 20 mil pessoas participem da escolha do candidato na capital.
O grupo também aprovou entre as diretrizes que a eleição interna poderá ocorrer entre outubro e março, em data definida por cada município. Integrantes partido queriam que as prévias acontecessem só depois de dezembro, mas resolveram antecipar a data a pedido de militantes do interior, já empenhados em formar alianças com outras legendas.
Na capital, porém, a data mais provável é janeiro, dois meses depois de o PT definir seu representante, o que não assusta o presidente do diretório municipal do PSDB, Julio Semeghini, secretário estadual de Gestão Pública do governo Geraldo Alckmin (PSDB). "Não estamos preocupados se o PT vai lançar o candidato antes ou não. Estamos preocupados em ter o partido unido e com bandeiras claras", afirmou.
Semeghini reforçou que o partido está empenhado em realizar prévias, em um processo "irreversível", devido à falta de candidato que agrade a todos os tucanos neste momento. Os dois que teriam essa capacidade, José Serra e o senador Aloysio Nunes Ferreira, têm dito que não querem concorrer. "Temos quatro pré-candidatos. Não vejo nenhum cenário em que três deles retirem a candidatura", analisou.
Aos gritos de "1, 2, 3, é Covas outra vez", o deputado estadual licenciado, Bruno Covas, 31 anos, considerado o favorito de Alckmin, oficializou ontem a disposição de disputar as prévias e lançou a pré-candidatura tentando unir o legado do avô, o ex-governador Mário Covas (morto em 2001), a quem chamou de "grande mestre", com o discurso de renovação de lideranças e de ideias.
Com uma plateia repleta de políticos que foram aliados de seu avô e que fizeram questão de citar isso nos discursos, o deputado elogiou gestões tucanas, que "mudaram o Brasil", e desconversou sobre o cogitado apoio de Alckmin a sua candidatura. "Se sou o candidato do governador, isso você tem que perguntar a ele. Quero ser o candidato do PSDB."