Título: Banco do Brasil financia expansão de agência com fundo imobiliário
Autor: Mandl,Carolina
Fonte: Valor Econômico, 27/09/2011, Finanças, p. C1
O Banco do Brasil planeja expandir sua rede de agências sem investir recursos próprios com a aquisição de imóveis. A ideia do banco é captar com investidores cerca de R$ 900 milhões por meio de fundos imobiliários que ficarão responsáveis por comprar terrenos e imóveis, fazer reformas e alugar as agências ao banco por um período de dez anos.
É uma forma que o Banco do Brasil encontrou de aumentar sua presença nas ruas sem ter de deixar o dinheiro imobilizado. Em vez de aplicar esses recursos em terrenos, o banco pode direcioná-los para a atividade bancária em si, em operações como as de crédito. Atualmente a instituição já tem cerca de R$ 3,5 bilhões investidos em imóveis próprios, que somam 5.095 agências, o equivalente a 25,5% de todo o Sistema Financeiro Nacional.
Cerca de R$ 160 milhões já foram captados em junho pelo fundo BB Renda corporativa, o que deve ser suficiente para a construção de 25 agências. Agora, outros R$ 750 milhões estão em fase de captação por um segundo fundo, o BB Renda Corporativa II. Essa cifra, segundo o Valor apurou, poderá erguer cerca de 75 pontos na rua. A decisão de criar um novo fundo veio depois de o Banco do Brasil ter recebido uma demanda maior pelo fundo I do que aquela inicialmente prevista.
De janeiro a junho deste ano, segundo informações dadas pelo Banco do Brasil na última divulgação de resultados, a instituição inaugurou 86 agências. Procurado pela reportagem, o banco não quis comentar a estratégia de abertura de novas unidades com recursos de terceiros.
As informações preliminares entregues à Comissão de Valores Mobiliários afirmam que o fundo BB Renda Corporativa II tem como meta dar aos investidores uma rentabilidade de 9,1% ao ano mais a variação dos aluguéis, que serão corrigidos pela inflação medida pelo IPCA. Por enquanto, o preço do aluguel ainda não está definido no prospecto. Gerido pela Votorantim Asset, o fundo cobrará uma taxa de administração de 0,6% ao ano sobre o patrimônio líquido.
Os contratos de locação, segundo o prospecto do fundo, terão um prazo de dez anos, podendo ser renovados por outro período igual. Se o banco decidir sair do imóvel antes de dez anos, será obrigado a pagar o fluxo de aluguéis do período todo.
Essa não é a primeira vez que os bancos partem para a troca do imóvel próprio pelo aluguel. Em 2002, quando o Banco Central reduziu os limites de imobilização das instituições financeiras, diversos bancos organizaram leilões de agências.
Mais de mil unidades foram compradas por pessoas físicas naquela época, marcada pelo cenário de instabilidade às vésperas das eleições presidenciais. Lances que em 2002 começavam em R$ 900 mil acabavam saindo por R$ 1,5 milhão. Pioneiro na iniciativa, o Bradesco se desfez de 356 agências em um só ano.
Agora, mesmo estando dentro dos limites de imobilização exigidos pelo Banco Central, o caminho escolhido pelo Banco do Brasil é o fundo imobiliário para a construção de novas agências. Do lado da instituição, a estrutura do fundo permite um processo mais ágil tanto para a captação dos recursos quanto para as negociações posteriores. Em vez de ter de negociar aluguéis com cada proprietário, no fundo isso é decidido de forma unificada pelos cotistas.
Para o investidor, a vantagem do fundo em relação à compra direta de uma agência é a isenção do Imposto de Renda de 27,5% sobre o valor do aluguel. Pessoas físicas são isentas da tributação nos fundos imobiliários.
Em 2003, o edifício de escritórios Almirante Barroso, no Rio, foi comprado por um fundo imobiliário da Brazilian Finance & Real Estate e alugado pela Caixa.