Título: EUA reduzem exigências de corte agrícola, diz revista
Autor: Sergio Leo
Fonte: Valor Econômico, 22/06/2006, Brasil, p. A4

Os Estados Unidos teriam reduzido suas exigências sobre o tamanho dos cortes que esperam nas tarifas de importação de produtos agrícolas na Rodada Doha, e ao mesmo tempo consideram concessões na área de subsídios domésticos. A informação foi publicada ontem à noite pela publicação especializada "Inside US Trade", de Washington, citando "fonte bem informada".

A decisão sobre o que deve ser um pacote agrícola politicamente aceitável para os EUA teria sido tomada numa reunião que o presidente George W. Bush fez com ministros, incluindo a representante comercial, Susan Schwab.

Ontem, em Viena, o presidente George W. Bush repetiu que há espaço para progressos na Rodada Doha, ao se reunir com dirigentes da União Européia. Mas importantes negociadores acham que os EUA ainda vão aguardar um pouco para apresentar formalmente uma nova abordagem na negociação. No caso provável de nova crise na Organização Mundial do Comércio (OMC), na semana que vem, a administração Bush iria então ao Congresso insistir na importância de flexibilizar sua posição e aceitar cortes maiores nos subsídios agrícolas internos.

Segundo a "Inside US Trade", pelas novas bases os EUA vão agora buscar um acordo que corte as tarifas na média um pouco acima dos 51% defendidos pelo G-20, mas bem abaixo dos 66% que até agora Washington queria. Quanto ao corte nos subsídios totais, os EUA recusam a demanda do G-20 de corte de 75%. Em contrapartida, abandonariam exceções para as disciplinas do "de minimis" (que é o mínimo de subsídios que pode ser concedido sem sofrer nenhuma contestação na OMC).

Para os países desenvolvidos, atualmente o "de minimis" equivale a 5% do valor da produção agrícola. Os EUA já aceitaram reduzi-la para 2,5%. Mas os americanos não queriam teto por produto, algo que a UE, Brasil e outros países não admitem.

"Se for confirmada a nova atitude dos americanos, é bom, mas os EUA precisam fazer corte real no total dos subsídios agrícolas, porque senão não é substancial nem efetivo", reagiu Antonio Donizeti, representante da Confederação Nacional da Agricultura (CNA).

Hoje, um esboço de acordo agrícola, a ser discutido pelos ministros na semana que vem, será distribuído hoje pelo mediador da negociação, o neozelandês Crawford Falconer, hoje em Genebra. Com um detalhe de peso: terá mais de 600 colchetes, o que revela os pontos de divergências entre exportadores e importadores. O esboço sobre a maneira de fazer os cortes na área industrial também será revelado hoje, mas com menos problemas.