Título: Americanos puxam aumento de gastos em armas
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Fonte: Valor Econômico, 13/06/2006, Internacional, p. A9

Os EUA vão puxar ainda mais para cima neste ano os gastos mundiais em armas, que foram de US$ 1,12 trilhão no ano passado. Em 2006, o mundo deve aumentar em 3,5% seus gastos militares, principalmente por causa do envolvimento dos americanos no Iraque e no Afeganistão, segundo previsão do anuário do Stockholm International Peace Research Institute (Sipri), organização financiada pelo governo sueco.

No ano passado, os EUA responderam por 48% de todos os gastos em armas feitos no mundo. "E, olhando para a frente, vemos que as tendências de aumento nos gastos militares mundiais mostram poucos sinais de diminuição num futuro próximo", segundo o Sipri.

EUA, França e Reino Unido estiveram todos envolvidos em onerosas operações fora de seus territórios, enquanto a China leva a cabo a modernização de suas Forças Armadas. "Nessas circunstâncias, há grande probabilidade de que a tendência de aumento dos gastos militares em todo o mundo se sustente em 2006", analisa o Sipri.

Reino Unido, França, Japão e China responderam cada um por de 4% a 5% do total de gastos militares no mundo. O valor total equivale a 2,5% do PIB global. Um processo de concentração nos gastos continuou a ocorrer em 2005: apenas 15 países foram responsáveis por 84% do total mundial.

A alta nas matérias-primas ajudou países exportadores, como Argélia, Azerbaijão, Rússia e Arábia Saudita, a gastar mais em armas. China e Índia também aumentaram seus gastos. "Em termos absolutos, os gastos desses países são apenas uma fração dos gastos dos EUA. Seus aumentos estão em conformidade com o crescimento de suas economias", disse.

A Arábia Saudita gastou mais US$ 4,6 bilhões em 2005 do que no ano anterior, registrando um total de US$ 25 bilhões. No Irã, os gastos aumentaram US$ 3,9 bilhões, alcançando US$ 7 bilhões.

O maior aumento relativo, entretanto, ocorreu na Geórgia, ex-república soviética no Cáucaso, que anotou gastos em armas 140% maiores do que em 2004, alcançando um total de US$ 146 milhões. Toda a região do Cáucaso mostrou-se inclinada ao aumento nos gastos em armas. A Geórgia teve um aumento de 143%; o Azerbaijão, 51%; e a Armênia, 23%.

O governo da Geórgia afirma que esse aumento se deve à intenção de aderir à Otan (aliança militar liderada pelos EUA), mas alguns analistas afirmam que essa escalada pode estar ligada à intenção do país em recuperar o controle sobre regiões rebeldes.