Título: Retratos velhos se misturam com retratos novos
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Fonte: Correio Braziliense, 10/09/2010, Opinião, p. 16

Visão do Correio

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2009) apresenta retrato de corpo inteiro do Brasil. Feito pelo IBGE, o levantamento mostra os pontos que tiveram melhoras, os que exibiram quedas e os que estacionaram.

Opaís não ficou integralmente bem na foto. Partes se mantêm em segundo plano. É o caso da educação e do saneamento básico.

Fundamentais para o avanço sustentável, ambos continuam relegados ao atraso. A má qualidade do ensino prejudica a produtividade nacional e obriga o país a importar mão de obra qualificada. O número de residências ligadas à rede coletora caiu de 59,3% para 59,1%. Sem focar esses setoreschaves, as conquistas registradas em outras áreas baterão no teto sem terem atingido o nível exigido pelo mundo globalizado.

De outro lado, políticas acertadas levaram a correção de rumos que acenam com a possibilidade de mudar o perfil da sociedade em futuro próximo.De 2008 a 2009, período de forte crise internacional, o número de empregados com carteira assinada no país aumentou de 33,7 milhões para 34,4 milhões. O crescimento da formalidade da força de trabalho foi de 0,7 ponto percentual.

Embora pareça pequeno, o índice foi o recorde registrado em um ano.

Com o salto qualitativo, mais brasileiros passam a gozar da cobertura social, a consumir produtos antes inatingíveis e a preencher uma das condições de acesso ao crédito. Impõese não só continuar a trajetória, masacelerar o ritmo.Trabalho qualificado qualifica o cidadão.

Outra boa imagem: a renda nacional cresceu 20%. No Nordeste, região mais pobre do país, o incremento chegou a 29%. O fato é alvissareiro.

Mantida a tendência, os brasileiros podem sonhar com a redução das diferenças regionais. Um elo fraco torna fraca a corrente. A Federação só atingirá patamares de PrimeiroMundo se conseguir integrar os menos favorecidos. A exclusão, marca do atraso, puxa os indicadores para baixo.

Nessa encruzilhada, os dois retratos se encontram. É íntima a relação da escolaridade com a renda. Para manter a tendência de ascensão, urge não só aumentar os anos de frequência à escola, mas investir na excelência do conteúdo ministrado.

Atualizar currículos, modernizar métodos e qualificar a mão de obra são passos inadiáveis que exigem rápida implementação, independentemente da cor partidária do mandatário que detém o poder. A educação deve constituir programa de Estado, não de governo.