Título: PT afasta líder de depredação da Executiva Nacional
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Valor Econômico, 08/06/2006, Política, p. A8

O PT decidiu afastar Bruno Maranhão da Executiva Nacional do PT e da Secretaria Nacional de Movimentos Populares. O petista liderou a invasão do Movimento pela Libertação dos Trabalhadores Sem Terra (MLST) à Câmara dos Deputados na terça-feira, quando 60 pessoas ficaram feridas. O policial legislativo Normando Fernandes, que levou pedrada na cabeça e sofreu traumatismo craniano, permanece internado na UTI. Os danos ao patrimônio público devem chegar a R$ 150 mil, segundo estimativas divulgadas ontem, sem considerar a destruição do carro virado pelos manifestantes.

Em nota divulgada ontem, o PT informa que levará o caso de Maranhão à Comissão de Ética. No texto, o partido comunica o afastamento e diz que "proporá deliberação sobre o encaminhamento do caso".

"Por solicitação da chapa que ele representa no diretório, Bruno Maranhão, tão logo esteja em liberdade, terá a oportunidade de prestar contas de sua atuação também perante as instâncias partidárias", diz nota oficial do Partido dos Trabalhadores.

O líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), prevê a expulsão de Maranhão: "Ele terá a oportunidade de se explicar. Mas acho que será mera formalidade. O que foi feito aqui não representa o PT".

A origem de Bruno Maranhão contradiz o movimento do qual é o líder. Filho de usineiros, de família rica em Pernambuco, o petista é formado em engenharia. Na época da faculdade, aderiu ao movimento estudantil e filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR). Foi exilado durante a ditadura militar e só voltou em 1979, depois de temporadas no Chile e em Paris. Um ano depois, foi um dos fundadores do PT.

Ao lado de Manoel da Conceição, Maranhão era o único elo do PT com os movimentos rurais no início dos anos 80, quando nem o MST existia. Sempre fez parte do Diretório Nacional do partido. No fim do ano passado, Maranhão foi recebido por Lula em uma audiência de duas horas. Conversou com o presidente acompanhado do então ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, e do secretário-geral da Presidência, Luiz Soares Dulci.