Título: Discurso do crescimento tenta atrair empresariado
Autor: Raymundo Costa e Ivana Moreira
Fonte: Valor Econômico, 12/06/2006, Política, p. A5
Geraldo Alckmin abriu ontem a campanha rumo ao Planalto com um discurso na medida para seduzir a iniciativa privada. "Crescimento ou estabilidade é um falso dilema, o Brasil precisa dos dois", disse. Crescimento sem estabilidade é fraude e estabilidade sem crescimento é perversão, definiu ele.
Fazer a economia crescer será, segundo o tucano, sua maior obsessão. Para derrubar um dos maiores entraves ao crescimento, vai reduzir impostos de produtos e serviços. "Meu compromisso é enviar ao Congresso, na primeira semana de governo, projeto de reforma tributária que simplifique o modelo, estimule novos investimentos e busque eficiência", prometeu.
Em São Paulo, disse, 200 produtos e serviços tiveram impostos diminuídos desde o início da gestão tucana, com Mário Covas. Mais de 500 mil pequenas empresas foram beneficiadas com redução ou isenção tributária. "Vamos fazer isso também no Brasil, com tributos federais."
Segundo Alckmin, o setor privado brasileiro já demonstrou o quanto pode ser dinâmico e contribuir para a promoção do crescimento sustentável, com inclusão social e redução das desigualdades. O novo Brasil, com o tucano na Presidência, não despenderá energia e recursos fazendo o que o setor privado tem condições de fazer, afirmou.
"O Estado moderno não pode, sob nenhum pretexto, ser um obstáculo para a ação socialmente responsável do setor privado", afirmou. O novo ambiente institucional e legal, disse o tucano, será capaz de atrair milhares de empreendedores para a formalidade, gerando emprego e renda com tranqüilidade.
Para reduzir a carga tributária do país, Alckmin explicou que pretende cortar despesas supérfluas do governo. Vai começar, prometeu, cortando os ministérios "criados à toa", só para dar emprego aos petistas.
Outra questão estratégica para as empresas, os acordos bilaterais, não foi esquecida. "Não é possível ser tolerante com a imposição de barreiras comerciais descabidas." Repetindo discurso comum entre empresários, Alckmin lembrou que o país celebrou poucos e modestos acordos nos últimos anos. E que o Mercosul vive a pior crise de sua história. "Não se enxerga lógica na atuação, ou omissão, do governo brasileiro."
Em mais uma promessa com endereço certo, declarou que pretende definir marcos regulatórios apropriados, que possam nortear as decisões da iniciativa privada e realmente estimular investimentos.
A estratégia de aproximação com o empresariado ficou clara também no programa de governo, que desde ontem está no site do PSDB. Reduzir impostos para atrair mais investimentos é a primeira diretriz para retomar o crescimento. (RC e IM)