Título: Nova linha deve ser examinada com lupa
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Fonte: Valor Econômico, 08/11/2011, Finanças, p. C10

O Brasil vai examinar "com lupa" uma proposta do Fundo Monetário Internacional (FMI), apresentada no G-20 de Cannes, de criar nova linha de financiamento de curto prazo para atender as necessidades de liquidez urgente dos países.

"O fundo tem que ter imparcialidade, não pode dar tratamento especial a nenhum membro e nenhuma região, e esse princípio nem sempre é aplicado na prática", afirmou o diretor executivo do Brasil e mais oito países no Fundo Monetário Internacional (FMI), Paulo Nogueira Batista Junior, numa referência a eventual aumento excessivo de recursos para a zona do euro.

Os dois novos mecanismos são ideias distintas presentes na mesma proposta, e que vêm também no contexto de reforço do papel do FMI na crise. A administração do fundo apresentou as propostas somente na sexta-feira ao "board" do organismo e agora deverá ser examinada em Washington.

Uma é a adaptação da "Precautionary and Liquidity Line" (PLL), para oferecer caso a caso liquidez de curto prazo em quantidade mais abundante e com condicionalidades mais leves aos países que aplicam políticas rigorosas e têm fundamentos sólidos, mas enfrentam choques exógenos

A outra é uma linha de financiamento rápida, que consolida linhas de emergência já existentes, para prover recursos no curto prazo. Os montantes dependem das cotas de cada país.

Na crise de 2009, o México, Colômbia e Polônia recorreram a uma terceira linha credito flexível, criada por proposta do Brasil, oferecida a países com forte qualificação e dado sem limite em relação a cotas. Foi reformada em 2010, e pode ser reformada mais uma vez agora.

Não está claro se a Itália, por exemplo, poderia recorrer a essas linhas. Em contrapartida, não apenas os emergentes estão mais atentos aos recursos do FMI. Jim Flaherty, ministro de finanças do Canadá, afirmou ao "Financial Times" que "existe um ponto de vista, que eu apoio, de que países da zona do euro são relativamente ricos comparados ao resto do mundo e têm seus instrumentos e recursos (para combater sua crise)". (AM)