Título: Queda em automóveis prejudica atividade industrial de 5 Estados
Autor: Pedroso, Rodrigo
Fonte: Valor Econômico, 09/11/2011, Brasil, p. A4
As férias coletivas adotadas pelas montadoras de automóveis em setembro ajudaram a derrubar a produção industrial em cinco Estados do país. O setor afetou fortemente a economia de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná, e, em menor escala, a do Rio de Janeiro, segundo a Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física Regional divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A queda de 4,2% na atividade paulista, com ajustes sazonais, foi puxada em grande parte pelo setor automotivo. Sem ajuste sazonal, a queda nesse setor foi de 18,7%. Máquinas e equipamentos caíram 6,2%, ajudando na retração geral. Outro polo industrial importante, Minas Gerais registrou queda total na produção de 2,7% e de 18,9% no seu setor automotivo. A conjuntura desfavorável à produção de carros e bens de capital também contribuiu para a atividade no Rio Grande do Sul ficar negativa em 1,4% na comparação com agosto. Enquanto no primeiro setor o recuo foi de 8,7%, no segundo ele ficou em 20,1%.
De acordo com Julio Gomes de Almeida, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), o nível alto de estoques da indústria automotiva - que estava em 248 mil carros em setembro - resultou na paralisação das atividades. "Os dados refletem esse cenário. Quando houve o anúncio de férias coletivas, o próprio IBGE avisou que haveria queda na produção total do país, que ficou em 2% em setembro", afirma.
A maior queda, de 13,5%, foi registrada no Paraná. O Estado, quinto em peso na produção nacional, viu a indústria automotiva retrair 18,3% no mês (esse dado sem ajuste sazonal). Outro setor importante que teve contração foi o de refino de petróleo e álcool, que caiu 5,2% em setembro. Apesar disso, o setor se mostra tranquilo. Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Edson Campgnolo, a contração era esperada. "Tivemos um ótimo mês de agosto na produção de automóveis, então era natural uma queda em setembro", diz ele.
O Rio de Janeiro também registrou queda na produção de automóveis, mas foi mais afetado pela diminuição da indústria extrativa (1,2%) e de outros produtos químicos (9%). O mau resultado desses setores puxou a queda de 3% no total em setembro. Paulistas, mineiros, gaúchos, paranaenses e fluminenses são responsáveis por 75% da indústria nacional, segundo o gerente da coordenação da indústria do IBGE, André Luiz Macedo
A tendência, no entanto, é que a indústria automobilística, e por consequência todo o conjunto nacional, se recupere nos próximos meses. De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a produção de outubro cresceu 1,7% em relação a setembro, passando de 261 mil para 265 mil veículos produzidos. A desvalorização do real e o consumo de fim de ano também devem impulsionar a produção, diz Gomes de Almeida.
"A indústria, como um todo, está mal em 2011. O câmbio trouxe um pouco mais de produtividade e a atividade vai ficar mais forte no último trimestre. Além disso, a indústria automobilística se recuperou em outubro. Por isso, esperamos um crescimento de 1,5% da indústria no ano", diz. Até setembro, o acumulado do ano está em 1,1%.
A indústria do Ceará destoou da média e cresceu 2% em setembro, liderada por aumento nos setores de vestuário (4,4%) e alimentos e bebidas (11,4%) - sem ajuste. Essas altas ajudaram a equilibrar a contração de 5,3% do setor têxtil do Estado. Para o economista chefe da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), Pedro Jorge Viana, o fim de ano deu fôlego à indústria, que registra contração de 13,2% no acumulado do ano. "A valorização do dólar também ajudou nas exportações, mas isso vai ser sentido com mais força em outubro", afirma. (Colaborou Arícia Martins)