Título: Exportação de carne bovina 'atropela' as barreiras pós-aftosa e bate recorde
Autor: Cibelle Bouças
Fonte: Valor Econômico, 07/06/2006, Agronegóvios, p. B12

As exportações brasileiras de carne bovina registraram receita recorde mensal em maio último, de acordo com Marcus Vinicius Pratini de Moraes, presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Bovina (Abiec). Os embarques do produto renderam US$ 350 milhões, 18,6% mais que no mesmo mês do ano passado, quando as vendas externas totalizaram US$ 295,2 milhões.

Conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), apenas as exportações de carne in natura cresceram 10,8% em volume, para 106,8 mil toneladas, e aumentaram 18,8% em valor, para US$ 281,5 milhões.

"O Brasil está conseguindo melhorar os seus preços no mercado internacional", garantiu Pratini. O ex-ministro da Agricultura associou o resultado obtido ao aumento nas exportações de produtos de maior valor agregado, como carpaccios, filés e outros cortes especiais, como antecipou o Valor. Os principais mercados de destino da carne bovina nacional no período foram Rússia, Egito e Inglaterra. Ao todo, o Brasil exportou para 176 países, sendo que o menor volume foi enviado ao Iraque - que garantiu uma receita da ordem de US$ 1 milhão. Pratini não divulgou o volume dos embarques ao mercado iraquiano.

O dirigente afirmou, ainda, que espera que o Chile alivie o embargo que mantém sobre a carne bovina brasileira, liberando pelo menos os embarques de cortes produzidos no Estado do Rio Grande do Sul. "O embargo chileno é injustificado porque a carne exportada para lá era desossada e maturada e, portanto, não oferece nenhum risco de apresentar o vírus da febre aftosa. Trata-se de um protecionismo sanitário", acusou Pratini.

Ele observou que os preços da carne no Chile subiram 50% desde que o país deixou de importar o produto brasileiro. Conforme Pratini, os Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul têm condições de abastecer o mercado chileno caso o país suspenda parcialmente o embargo, mantendo a proibição apenas para o Paraná. O Chile foi um dos principais mercados para a carne nacional no ano passado. O país sul-americano importou, no total, 67,4 mil toneladas, o equivalente a US$ 140 milhões.

Além do Chile, entre os principais clientes do Brasil ainda mantêm embargo sobre a carne bovina brasileira a União Européia e a Rússia. Pratini informou que a União Européia trará ao Brasil uma missão técnica no próximo dia 4 de julho para avaliar as condições fitossanitárias do rebanho. A expectativa é que o bloco mantenha o embargo por até 12 meses, contados a partir do ressurgimento da aftosa no Mato Grosso do Sul, em outubro de 2005.

A repórter viajou a convite da Embrapa