Título: Economia é sólida, mas BC está alerta, diz Meirelles
Autor: Paulo Braga
Fonte: Valor Econômico, 07/06/2006, Finanças, p. C2

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles disse que a instituição está "alerta" em relação às oscilações mostradas pelo mercado nos últimos dias, mas considerou que a situação da economia brasileira é sólida e coloca o país em uma posição favorável para reagir a eventuais turbulências.

"Não há dúvidas de que estamos vendo impactos importantes, causados por declarações de autoridades, que o mercado tenta ler na entrelinhas", afirmou, sem fazer referência direta ao presidente do Fed (BC americano), Ben Bernanke. Declarações de Bernanke vêm sendo interpretadas como um indício de que o os EUA podem aumentar ainda mais os juros, o que provoca um redirecionamento do fluxo de investimentos, com saída de recursos de países emergentes.

Segundo Meirelles, "os mercados sinalizam que esperam uma conclusão do movimento de aperto monetário do Fed, mas essa conclusão pode ocorrer em pontos diferentes". Ou seja: há dúvidas de qual será o limite nesse ciclo de alta de juros nos Estados Unidos.

Meirelles não quis fazer previsões sobre medidas que o BC possa tomar para reagir ao comportamento do mercado. E fez questão de ressaltar várias vezes que "a economia brasileira está numa situação "sólida", citando o desempenho da conta corrente, o nível de reservas e o ritmo de crescimento do PIB.

Sobre a tendência da política de juros brasileira, afirmou que as indicações em relação aos rumos da política monetária estarão na ata da última reunião do Copom, que será divulgada amanhã. Meirelles negou-se a divulgar dados.

O presidente do BC esteve ontem em Buenos Aires para participar de um seminário anual organizado pelo banco central argentino, com a presença de representantes de BCs de todo o mundo. Ele encerrou o encontro e usou sua exposição para demonstrar que a adoção da política de metas de inflação pelo BC brasileiro teve como resultado indicadores macroeconômicos mais positivos do que os obtidos no período em que o real ficou atrelado ao dólar.

Em conversa com jornalistas, Meirelles também negou que ações como a recompra de títulos anunciada esta semana seja uma reação do governo à instabilidade do mercado. Segundo ele, a medida é parte de uma estratégia de longo prazo de melhoria do perfil da dívida.