Título: Dilma pede e Mantega nega ajuste na caderneta
Autor: Villaverde,João
Fonte: Valor Econômico, 26/10/2011, Finanças, p. C1

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem que o governo "não estuda mudança na fórmula de cálculo da caderneta de poupança". Mantega concedia entrevista coletiva na sede do ministério, ao lado de empresários do setor automobilístico, para fazer um balanço das medidas recentes de elevação tributária para veículos importados, quando foi questionado sobre a reportagem publicada pelo Valor antecipando os planos de alterar a forma de remuneração da poupança.

As medidas de reformulação da caderneta estão sendo estudadas pelo governo Dilma Rousseff e incluem a substituição dos juros fixos de 0,5% ao mês (6,16% ao ano) pela indexação à Selic, que terá um redutor de 20% aplicado - a TR seria mantida. A nova fórmula, no entanto, só será anunciada pelo governo entre o primeiro e o segundo trimestre do ano que vem, quando o Planalto deve encaminhar ao Congresso Nacional um Projeto de Lei (PL) com a mudança nos juros fixos.

Logo pela manhã assessores do Palácio do Planalto procuraram o Ministério da Fazenda para exigir a divulgação de uma nota à imprensa para esclarecer a situação. A avaliação do Planalto, segundo uma fonte a par da negociação, é que "a poupança é um tema muito sensível", e, portanto, deveria ser tratado pelo governo de "maneira mais discreta e apenas no ano que vem". Segundo uma fonte graduada no governo, a presidente Dilma Rousseff não quer antecipar para este ano um assunto "complexo politicamente", e que será abordado, com certeza, em 2012, como a reportagem relatou na edição de ontem.

O ministério concordou quanto à edição de uma nota, mas como o próprio ministro tratou do assunto quando abordado por jornalistas, a ideia foi descartada e a presidência considerou suficiente a frase de Mantega.

O Valor apurou que economistas do mercado procuraram a área econômica do governo ontem em busca de mais informações sobre as mudanças na remuneração da caderneta de poupança. O departamento econômico do maior banco privado nacional, o Itaú Unibanco, divulgou nota ontem aos clientes defendendo as medidas.