Título: Otimismo moderado dos gestores evitou retornos menores
Autor: Angelo Pavini e Luciana Monteiro
Fonte: Valor Econômico, 05/06/2006, Eu &, p. D1

Em geral, os gestores menos otimistas foram os que se saíram melhor em maio. Entre os fundos com bom desempenho neste mês, um dos destaques é o Lacan Equilíbrio, da Lacan Investimentos, do ex-diretor do Banco Central Luiz Augusto Candiota. O fundo acumula 2,98% no mês e 5,46% no ano. Segundo Candiota, a carteira é extremamente fundamentalista, procura basear suas decisões nas projeções para a economia brasileira e destina uma parcela de até 30%, para bolsa e de 20% para o dólar.

O fundo vai completar um ano, ainda é pequeno, tem 25 cotistas apenas, e não faz giro diário ("day-trade") nem tem alavancagem, por isso Candiota não o considera "um típico fundo hedge brasileiro". "Procuramos identificar grandes distorções de preços, comprar seguros baratos e ter um baixo custo de gestão", resume. Outra estratégia é ter o máximo de clientes, apostando na pulverização e na distribuição direta para pessoas físicas, para evitar as flutuações provocadas pelos resgates de grandes distribuidores. Para isso, aceita aplicações a partir de R$ 5 mil.

Em maio, o fundo decidiu por proteger as aplicações em bolsa de uma queda com operações no mercado de opções. "Como todos estavam otimistas, os preços dessas opções estavam baratas, e aproveitamos", diz ele.

Outro gestor que se saiu bem foi a Hedging-Griffo, cujo fundo Verde, o maior independente do mercado, fechou o mês perto do CDI, com 1,27%, preservando os ganhos no ano. Segundo Luís Stuhlberger, sócio da Hedging-Griffo, a impressão é de que o pior já passou. Para ele, a expectativa do mercado era de que o Brasil estivesse blindado contra crises externas e uma turbulência provocaria queda na bolsa mas não mexeria tanto com câmbio e juros, como ocorreu com o México e a Rússia. O Brasil, porém, está acompanhando o comportamento da Turquia, que tem fundamentos muito piores, com déficit externo e inflação em alta. "E a turbulência pegou o governo discutindo mudanças nas regras cambiais e com números fiscais ameaçados por gastos", diz.

Stuhlberger já tinha visão de que o Brasil não estava tão blindado assim e havia reduzido sua posição em ações no Verde, da média de 38% para 12%. Agora, depois da queda, ele aumentou essa parcela para 24%. Ele acredita que esse movimento de turbulência ainda deve durar mais 30 dias, até o cenário mundial ficar mais claro. E que o Brasil vai continuar sendo influenciado pela Turquia por mais 60 dias talvez, até que os investidores diferenciem os dois países. (AP)