Título: Dados de investimento são controversos
Autor: Patrick Cruz e Paulo Emílio
Fonte: Valor Econômico, 05/06/2006, Empresas, p. B2

As informações sobre o volume de investimentos privados em hotelaria são díspares, conforme a fonte consultada. Segundo o Ministério do Turismo, até 2008 os aportes privados no Nordeste chegarão a R$ 1,5 bilhão. Os 35 empreendimentos listados pelo Ministério totalizam pouco mais de 8,2 mil unidades habitacionais. A maioria dos hotéis e resorts está concentrada nos 3,2 mil quilômetros de litoral.

Entretanto, apenas o Ceará afirma possuir em carteira empreendimentos imobiliários que somarão R$ 1,7 bilhão nos próximos anos. O Rio Grande do Norte, por sua vez, prevê que, nos próximos quatro anos, os investimentos privados somarão US$ 1,3 bilhão.

Quatro dos 96 hotéis previstos já estão em construção, e outros 22 estão em fase de licenciamento. Ainda que aponte os pontos de preocupação do Estado com a infra-estrutura, o secretário de Turismo potiguar, Renato Garcia, diz que o futuro do turismo no Rio Grande do Norte é "extremamente promissor".

No segundo semestre do ano passado, o governo baiano apresentou os detalhes da segunda fase de seu plano estratégico de desenvolvimento do turismo. O documento prevê US$ 6,4 bilhões em investimentos privados até 2020. Em 2006, alguns dos principais projetos previstos na primeira fase, iniciada em 1991, vão sair do papel.

A primeira etapa do resort do grupo espanhol Iberostar no Estado, que recebeu aporte de US$ 80 milhões, já está em estágio de pré-operação e vai ser inaugurada no fim de junho. O Vila Marés, do grupo português Vila Galé, no qual foram investidos R$ 28 milhões, foi inaugurado no final de abril.

A Accor Hotels pretende investir R$ 650 milhões no Nordeste nos próximos anos. "Os investimentos no Nordeste estão em praticamente todos os Estados. Daí a necessidade, no nosso caso, de cobrirmos várias praças", diz o diretor de desenvolvimento da Accor Hotels, Alberto Ribeiro. "Esses investimentos, assim como uma refinaria e um estaleiro em Pernambuco e uma siderúrgica no Ceará, vão impulsionar o turismo como um todo, seja de lazer ou de negócios."

No balneário pernambucano de Porto de Galinhas, o grupo português Teixeira Duarte tem planos de investir R$ 250 milhões na construção de um empreendimento com mil unidades habitacionais.

Os grupos Odebrecht, Alphavile e Brennand também pretendem implantar no balneário um empreendimento com hotéis e residências que consumirá, em dez anos, um total de R$ 2,5 bilhões em investimentos.

Um dos desdobramentos mais óbvios dos investimentos na indústria do turismo nordestina é o aumento de gastos dos visitantes - e, em conseqüência, um incremento na arrecadação de impostos. Mas os governos também apontam um "efeito multiplicador" desses gastos que, segundo os cálculos, faz quase dobrar o volume de recursos na economia trazido pelos turistas.

No ano passado, o Ceará, por exemplo, recebeu 1,9 milhão de visitantes. Esses turistas deixaram diretamente cerca de R$ 2,3 bilhões na economia do Estado. "Se levarmos em conta o efeito multiplicador, esse valor cresce para R$ 4,02 bilhões, o que corresponde a 11,8% do PIB estadual", diz o secretário de Turismo, Allan Aguiar.

Esse "efeito multiplicador" traduz-se, por exemplo, em aumento de renda das famílias que trabalham no setor e no crescimento do comércio. Segundo os cálculos da Empresa Pernambucana de Turismo (Empetur), a cadeia produtiva do turismo no Estado movimenta mais de R$ 4 bilhões por ano. (PE e PC)