Título: Estudo do BNDES aponta nova queda na concentração de renda
Autor: Catherine Vieira
Fonte: Valor Econômico, 06/06/2006, Brasil, p. A4
A metade mais pobre da população brasileira deve continuar aumentando a parcela que recebe de todas as riquezas produzidas no país. Segundo estudo feito pela assessoria econômica do presidente do BNDES, Demian Fiocca, em 2006 os 50% mais pobres podem conseguir aumentar para 15,1% sua participação na renda total gerada. "Em 1993, esse percentual era de 12,1% e em 2002 era de 13,2%", apontou Fiocca, que apresentou o estudo ontem em evento internacional organizado pela Câmara Americana de Comércio.
Demian Fiocca, presidente do BNDES: programa de políticas sociais intensas com uma política fiscal robusta. Ele usou os dados da pesquisa como um dos argumentos para defender os programas de transferência de renda. Para Fiocca, eles são políticas públicas tão importantes quanto as universalizadas, como as de saúde e educação.
O trabalho do BNDES estimou a parcela apropriada pela metade mais pobre da população em 14,3% em 2005. Ainda não há dados oficiais disponíveis para o ano passado, por isso o estudo usou projeções para 2005 e 2006. Segundo explicou Fiocca, os economistas do BNDES usaram apenas dados relativos ao programa Bolsa-Família e ao aumento do salário mínimo para fazer as estimativas do impacto, ou seja, os dados reais a serem apurados podem ser diferentes e até maiores porque terão influência de outros fatores, como o aumento do emprego formal.
De acordo com os dados apresentados pelo presidente do BNDES, entre 1993 e 2002 houve um acréscimo anual de 0,12% na parcela de renda recebida pelos 50% mais pobres. Se os dados projetados pelo banco de fomento estiverem no rumo correto, entre 2003 e 2006, o aumento dessa parcela poderá ser de 0,53% por ano.
"É preciso dar igual legitimidade aos programas de transferência de renda, eles precisam aparecer como uma terceira ponta do tripé, ao lado das políticas de saúde e educação", defendeu Fiocca. "Entre 1995 e 2004, os programas de transferência de renda foram responsáveis por reduzir em 25% a diferença entre os mais pobres e os mais ricos e provavelmente em 2005 e 2006, quando os programas foram intensificados, esse percentual será maior", disse.
Segundo o presidente do do BNDES, o mínimo teve aumento real de 5,9% ao ano, entre 2003 e 2006. Já o Bolsa Família chegou a 8,7 milhões de famílias no fim de 2005. A estimativa do governo federal é alcançar 11,2 milhões de famílias ainda em 2006. Para Fiocca, o país está combinando um programa de políticas sociais intensas com uma política fiscal robusta.