Título: Alta de combustíveis e alimentos empurra a inflação do IGP-DI
Autor: Raquel Salgado
Fonte: Valor Econômico, 08/12/2004, Brasil, p. A2

A elevação dos preços dos combustíveis e a reversão na tendência de baixa nos preços dos alimentos pressionaram a inflação do mês de novembro medida pelo índice geral de preços (IGP-DI), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que ficou em 0,82%. O resultado de outubro foi uma alta de 0,53%. Tanto o índice que mede a variação dos preços no atacado (IPA) quanto o que está relacionado ao varejo (IPC) aceleraram na comparação com o mês anterior. O IPA subiu de 0,61% em outubro para 1% no mês passado, pressionado pela elevação dos preços agrícolas, que ao invés da deflação de 2,73%, ficaram positivos em 0,14%. Houve também o impacto do reajuste dos preços dos combustíveis, que passaram de variação de 1,56% para 7,53% no mês passado. Fernando Fenolio, economista da Rosenberg & Associados, lembra que esse resultado foi, em sua maior parte, influenciado pelo aumento de outubro concedido pela Petrobras. O IGP-DI em questão captou a variação de preços dos 25 dias após o reajuste de outubro e apenas cinco dias do aumento dado em novembro. Ou seja, o impacto de novembro será sentido de forma mais intensa no índice de dezembro.

Por outro lado, essas pressões altistas foram compensadas por um arrefecimento no movimento de alta dos produtos industriais no atacado, que desaceleraram de 1,83% para 1,30%. Contribuiu para esse resultado a alta mais modesta dos produtos do item metalurgia, que passou de uma variação positiva de 6,5% em outubro para "apenas" 0,94% em novembro. "Isso é significativo, pois este item pesa quase 10% no resultado total do IPA", lembra Fenolio. Para o economista da Rosenberg, as matérias plásticas derivadas do petróleo também diminuíram o ritmo de elevação, tanto pela acomodação dos preços do petróleo no exterior quanto pela apreciação do real frente o dólar. Já o índice de preços ao consumidor (IPC) subiu 0,37%, em novembro, contra 0,10% no mês anterior. As maiores variações entre outubro e novembro foram verificadas nos itens transportes, que ficou em 1,57%, habitação, com variação de 0,62%, e alimentação, que, apesar de permanecer em deflação de 0,45%, acelerou frente à taxa negativa de 0,78% de outubro. Em contrapartida, o índice nacional da construção civil desacelerou de 1,19% para 0,71% no mesmo período. No ano, o IGP-DI acumula alta de 11,56%. Nos últimos doze meses, o IGP-DI subiu 12,23%. Em São Paulo, o custo de vida subiu pelo segundo mês consecutivo em novembro, de acordo com pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese). O índice do custo de vida (ICV) do mês passado chegou a 0,83%, 0,30 ponto percentual acima do 0,53% registrado em outubro. Os principais fatores de pressão foram os gastos com transportes, habitação, saúde e despesas pessoais