Título: Renda per capita do Rio, em 2002, superou a de SP
Autor: Chico Santos
Fonte: Valor Econômico, 08/12/2004, Brasil, p. A3

O crescimento econômico de apenas 0,7% - abaixo da média nacional de 1,9% -, rendeu ao Estado de São Paulo, maior economia estadual do país, dois importantes revezes no ano de 2002. Perdeu para o Rio de Janeiro a condição de segunda maior renda per capita do país, abaixo do Distrito Federal, e teve sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) total reduzida de 33,4% em 2001 para 32,5% em 2002, segundo dados divulgados ontem pelo IBGE. Em 1985, primeiro ano da série do PIB regional, São Paulo detinha 36,1% da produção total de bens e serviços do país. Em 2002, a produção industrial paulista encolheu 3%, impedindo que o crescimento de 7,4% na agropecuária impulsionasse a economia do Estado. O Rio de Janeiro conquistou a condição de segunda maior renda per capita em 2002 graças a um crescimento de 4,4% do PIB naquele ano, puxado pela indústria do petróleo, que cresceu 15,2%, e pela indústria de transformação, cuja produção subiu 4% (primeiro crescimento após sete anos de queda). Como a população do Estado cresceu 1,2% no ano, a renda per capita aumentou 3,2%. Já São Paulo, cuja população aumentou 1,6%, teve crescimento negativo da renda per capita de 0,9% , que ficou em R$ 11.353. Essa valor, pela primeira vez desde 1985, foi inferior ao do Rio ( R$ 11.459). A glória do Rio pode ser efêmera. Segundo dados da Fundação Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro (Cide), o PIB do Estado registrou no ano passado queda de 0,5% em comparação a um crescimento de 0,5% da economia brasileira, de acordo com dados revisados do IBGE. No ano de 2004, quando se espera um crescimento do PIB nacional próximo a 5%, a indústria do petróleo está funcionando como um freio para a economia do Rio. "O ano de 2003 foi ruim para o país inteiro. Já 2004 está sendo muito bom para a indústria e também para o comércio. Mas no Rio, o setor extrativo mineral, por conta de algumas paradas técnicas de equipamentos da Petrobras, tem caído um pouco. Isso pode fazer com que o Estado cresça um pouco menos que o resto do país", analisa o economista Cristiano Prado, da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Para São Paulo, os analistas esperam um forte crescimento industrial, liderado pela produção de bens de consumo duráveis. Os dados do IBGE revelam que a correção das desigualdades regionais nos últimos anos tem sido lenta e não beneficiou o Nordeste, justamente a região mais pobre do Brasil. De 1985 para 2002 a região Sudeste perdeu 3,9 pontos percentuais de participação no PIB do país, passando de 60,2% para 56,3% do total. A desconcentração beneficiou principalmente o Centro-Oeste, que teve sua fatia ampliada em 2,7 pontos, de 4,8% para 7,5%, seguida da região Norte, que passou de 3,8% para 5% do total. A participação do Nordeste recuou no período de 14,1% para 13,5% do total. A perda se concentrou basicamente entre 1985 e 1990, quando a parcela do Nordeste no PIB nacional passou de 14,1% para 12,9%. A região Sul ampliou ligeiramente sua fatia, passando de 17,1% para 17,7%. Em 2002, cada ponto percentual de participação perdido ou ganho por uma região ou Estado representava uma diferença de cerca de R$ 13 bilhões. "Houve alguma desconcentração a favor do Centro-Oeste, principalmente, mas no geral a concentração ainda é muito grande", disse Frederico Costa, coordenador de Contas Regionais do IBGE. "O Centro-Oeste é a China do Brasil", disse Costa para realçar o dinamismo econômico da região. E o Mato Grosso, impulsionado pelo agronegócio, é o Estado que mais cresce no país. Sua participação no PIB nacional quase dobrou, passando de 0,69% em 1985 para 1,33% em 2002, quando o Estado cresceu 9,5%. A agropecuária também fez o PIB de Rondônia crescer 9,2% no ano passado, mas sua participação no PIB passou apenas de 0,48% para 0,54% em 17 anos. O Amazonas cresceu (7%) graças à produção da Zona Franca de Manaus e os crescimentos elevados de Roraima (6,6%) e do Amapá (6%) estão relacionados ao dinamismo do setor público. É a forte presença pública que explica o fato de o Distrito Federal ter a maior renda per capita do país (R$ 16,361).