Título: Ciro defende Carta ao Povo Brasileiro II
Autor: Cristiane Agostine
Fonte: Valor Econômico, 31/05/2006, Política, p. A7

Cotado para ser vice do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na disputa pela reeleição, Ciro Gomes não deixa de lado as críticas à gestão petista e defende que um documento seja firmado entre seu partido, o PSB, e o PT quando a aliança entre as duas legendas for consolidada. A definição das metas conjuntas poderá trazer uma nova Carta ao Povo Brasileiro, nos moldes da construída em 2002.

"O que a acho necessário é ter clareza para o povo. Não sei se é necessária uma carta, com essa linguagem específica. O que precisa é ter definição e compromisso com o projeto nacional de desenvolvimento. Esse projeto está em fase embrionária, mas os preconceitos e interdições ideológicas forma superados, por conta da racionalidade com que o presidente tem conduzido as questões de macroeconomia", afirmou ontem, durante um evento promovido pelo PSB em São Vicente (SP).

Ex-ministro da Integração Nacional, Ciro não deixou de lado as críticas ao governo do PT, apesar de em todos os momentos apresentar-se como aliado. "Creio que um possível segundo mandato será bem melhor que o primeiro. O primeiro foi bom, mas não vou fazer de conta que não me frustrei com diversas coisas, que não me choquei com outras diversas, que não sou sensível ao sofrimento que o povo brasileiro enfrentou", apontou . "Mas os valores centrais, que precisavam ser cuidados e que estavam abandonados, foram retomados neste governo", disse.

Ciro Gomes disse que, apesar de conversar sempre com o presidente Lula, a definição do vice na chapa petista será feita "na última hora" e que ele " deve estar livre de qualquer ingerência e qualquer pressão para se definir". Hoje, o presidente do PT, Ricardo Berzoini deve se encontrar com o presidente do PSB, Eduardo Campos, e com o do PCdoB, Renato Rebelo. O ex-ministro não descarta a escolha do PMDB para a vaga, para facilitar a governabilidade em um eventual segundo mandato de Lula.

Para consolidar a governabilidade nos próximos quatro anos, independente de o presidente Lula sair vitorioso das eleições, Ciro reiterou que deve ser firmado um "compromisso suprapartidário", que garanta quatro pontos a serem votados logo no Congresso: as reformas tributária,fiscal, previdenciária e política. "Não gosto da idéia de firmar um pacto, mas advogo na idéia de ter uma agenda prática, objetiva".

Ciro procurou desconversar sobre a perguntas feitas sobre sua eventual indicação a vice. Além de dizer que o presidente está sendo "correto e ético" em seu calendário, defendeu que o presidente "não se precipite". "Ele só vai definir na última hora mesmo".

Questionado sobre as acusações feitas pelo ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) de participação no esquema de mensalão, por meio de um assessor pessoal, Ciro ironizou o petebista. "Roberto Jefferson deve estar desatualizado. Meu assessor foi afastado e pediu para se defender. A Polícia Federal concluiu sua inocência, e a CPI proclamou-o inocente", disse.

O ex-deputado voltou a acusar o ex-ministro durante o programa Roda Viva, da TV Cultura, exibido na segunda-feira.