Título: PT fecha hoje candidatura única de Haddad
Autor: Costa,Raymundo
Fonte: Valor Econômico, 11/11/2011, Política, p. A7

Em reunião a ser realizada hoje em São Paulo, o PT deve formalizar um acordo em torno da candidatura do ministro Fernando Haddad (Educação) a prefeito da cidade. Desde a renúncia da senadora Marta Suplicy era esperado que os outros dois pré-candidatos ao cargo, os deputados federais Jilmar Tatto e Carlos Zarattini, também desistissem de disputar a indicação do partido, em prévia prevista para 27 de novembro.

Reunida ontem em Brasília, a executiva nacional do PT avisou que pretende orientar as demais seções do partido a dirimir suas divergências internas e seguir o exemplo de São Paulo, sem a necessidade de prévia partidária. O presidente da sigla, deputado estadual Rui Falcão, disse que as prévias "nunca foram um objetivo a ser alcançado, o objetivo sempre foi a unidade". Antes da realização de prévia, as seções municipais ainda têm a possibilidade de fazer encontros de delegados para decidir a escolha de candidatos.

A consolidação da candidatura Haddad é uma vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o principal responsável pela candidatura de um nome de fora das instâncias políticas do partido. Mas não deve ser a única: Lula está diretamente envolvido na articulação de candidatos em outras cidades, como Porto Alegre (RS) e Belo Horizonte (MG), nas quais o PT ainda não conseguiu definir um acordo interno. O ex-presidente será convidado a participar do programa de rádio e televisão do partido que vai ao ar no dia 8 de dezembro.

O acordo de Haddad com Tatto e Zarattini começou a tomar forma em reunião dos 16 deputados que integram a bancada paulista com os três pré-candidatos, na residência oficial do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS). A bancada fez um apelo para Tatto e Zarattini desistirem em nome da unidade petista. "Foi feito um apelo pela unidade da bancada para que não haja prévias", contou o líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (PT-SP).

Os dois pré-candidatos ficaram de cumprir o ritual petista para essas ocasiões: conversar com suas bases eleitorais em São Paulo para avaliar o apelo de toda a bancada. "Não fechamos as portas, mas não radicalizamos. Somos sensíveis a esse apelo. Vamos fazer as consultas neste fim de semana", disse Tatto.

Os dois também impuseram condições a Haddad: eles querem que a campanha seja coordenada pelo diretório paulistano, e não exclusivamente pelo grupo que coordena a pré-campanha de Haddad, capitaneado pelo também deputado federal Vicente Cândido (PT-SP). Além disso, querem uma postura de mais oposição ao atual prefeito Gilberto Kassab (PSD) e ao candidato que ele escolher para a disputa municipal.

Nos principais colégios, as maiores dificuldades para o PT agora são as eleições de Porto Alegre e Belo Horizonte (no Rio já está acertado o apoio ao prefeito Eduardo Paes e em Salvador o candidato será o deputado Nelson Pelegrino). A situação complicou-se em Porto Alegre, onde os petistas locais decidiram lançar candidatura própria - são pré-candidatos o deputado Adão Villaverde, que preside a Assembleia Legislativa, o ex-prefeito da cidade Raul Pont e o deputado federal Henrique Fontana.

A decisão do PT de Porto Alegre está na contramão do que articulavam a direção nacional e o ex-presidente Lula: apoio à candidatura do PDT ou do PCdoB. O primeiro já governa a cidade com o prefeito José Fortunati; o segundo, tem uma candidata bem situada em todas as pesquisas de opinião, a deputada Manuela D"Ávila. O mais provável era a aliança com Fortunati.

Em Belo Horizonte o vice-prefeito Roberto Carvalho (PT) está rompido com o prefeito Márcio Lacerda (PSB), mas PT, PMDB e PCdoB discutem a elaboração de um programa comum que depois pode ser submetido à apreciação de Lacerda (ver matéria abaixo). O PT ainda não desistiu de participar da coligação, muito embora o prefeito já esteja acertado com o PSDB do senador Aécio Neves. Segundo o PT, não há proibição partidária para o partido participar de coligação com os tucanos. A proibição é para a formação de chapa com o PSDB, o DEM e o PPS.