Título: Para CUT, reeleição depende da correção do IR e do mínimo
Autor: Taciana Collet e Henrique Gomes Batista
Fonte: Valor Econômico, 08/12/2004, Política, p. A8
O presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Luiz Marinho, elevou o tom das críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e admitiu que poderá se aliar à oposição para aprovar os dois pontos que a central considera prioritários: a correção da tabela do Imposto de Renda (IR) e o reajuste do salário mínimo para R$ 320 em 2005. Marinho esteve ontem reunido com as bancadas do PT no Senado e na Câmara e com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para defender esses dois pontos que a central quer ver resolvido até o fim deste ano. "O presidente Lula quer a reeleição e isso só será possível se ele atender suas promessas de campanha e esses dois pontos que defendemos estão entre elas", afirmou. Ele disse que a CUT vai "fazer o governo ouvir" as reclamações do povo. "Aparentemente há nos palácios de Brasília o dom da criação da blindagem contra os anseios do povo", afirmou. Durante a tarde, Marinho esteve com Lula mas, depois do encontro, não deu entrevistas. Para fazer com que os interesses da CUT sejam atendidos, Marinho vai procurar antigos inimigos políticos seus, hoje na oposição do governo Lula. "Devo me reunir com os líderes dos partidos de oposição provavelmente nesta semana", disse. Sob pressão, o governo trabalha para dar uma solução o mais rápido possível para a questão do reajuste do salário mínimo e da correção da tabela do Imposto de Renda. O governo estuda algumas alternativas para o mínimo: ou antecipar o reajuste para janeiro ou um aumento para R$ 300 a partir de maio. A Lei de Diretrizes Orçamentárias prevê para 2005 um mínimo de R$ 283. "Estamos trabalhando para que qualquer decisão do governo conste do orçamento, ou seja, se for reajustar para R$ 300 significará R$ 2,1 bilhões para colocar no orçamento, se for dar reajuste a partir de janeiro, vamos recalcular e colocar no Orçamento", afirmou o presidente da Comissão Mista de Orçamento, Paulo Bernardo (PT-PR), que se reuniu ontem no Palácio do Planalto com o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. O deputado admitiu que o governo pode editar uma MP para a correção da tabela. "A correção precisa ser votada esse ano ou então o governo tem que fazer uma MP para que ela tenha validade para 2005", disse.