Título: Palocci diz que alíquotas do IR não são altas
Autor: Rodrigo Bittar
Fonte: Valor Econômico, 08/12/2004, Política, p. A8

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, disse ontem que a atual alíquota do Imposto de Renda "não é alta" se for comparada à de outros países e nem "excessiva" se colocada ao lado dos demais tributos vigentes no Brasil. O ministro fez essas considerações justamente no momento em que discute e negocia a correção da tabela do Imposto de Renda da pessoa física, a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente quer, com isso, agradar a classe média, cujo apoio o PT teria perdido nesses dois anos de governo. Hoje o Palocci conversa sobre esse assunto com lideranças sindicais, que reivindicam a correção linear da tabela em pelo menos 27%. As declarações do ministro da Fazenda foram feitas após solenidade de lançamento do novo sistema de dados do Senado, o Siga Brasil, e na presença do presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP). O deputado informou o ministro que considera possível a aprovação da Lei de Falências pela Câmara ainda este mês. "É uma excelente notícia", classificou o ministro. "Seria uma contribuição extraordinária da Câmara para que a economia brasileira se fortaleça de maneira definitiva", acrescentou. Questionado sobre a pressão política que o governo vem sofrendo para aliviar a carga tributária diante dos bons resultados econômicos, o ministro considerou todas as manifestações "legítimas", mas ressaltou que o papel de um ministro da Fazenda é "fechar as contas". "Eu acho legítimo que os trabalhadores, no momento de crescimento do Brasil e do emprego, façam demandas. Mas o meu papel é fechar as contas", disse. Sobre a reunião de hoje com sindicalistas, ele adiantou que o encontro servirá para dar continuidade à negociação iniciada em agosto, na casa do próprio João Paulo Cunha, em que ficou decidido o desconto de R$ 100 na base de cálculo do IR das pessoas físicas. "O Imposto de Renda no Brasil, comparativamente aos outros países, não é alto; proporcionalmente a outros tributos, também não é excessivo. Mas sempre olhamos a reivindicação de ajustes como uma questão sadia, que pode ser considerada pela administração", acrescentou. Palocci indicou, ainda, que eventuais alterações na tabela do IR deverão beneficiar as pessoas com menores rendas: "Aqueles que ganham menos, como tiveram o redutor de R$ 100 neste ano, podem ter algum nível de melhoria. Vamos buscar fazer isso com toda a serenidade", concluiu o ministro.