Título: Papademos assume hoje o governo da Grécia
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Fonte: Valor Econômico, 11/11/2011, Internacional, p. A10

Depois de três dias de falta de acordo entre socialistas e conservadores, o economista Lucas Papademos assume hoje o cargo de primeiro-ministro da Grécia. À frente de um governo provisório de coalizão, ele terá a missão de conseguir a aprovação do Parlamento para os termos do acordo de ajuda econômica europeia e de evitar que o país vá à falência.

"Não sou um político, mas dediquei a maior parte da minha vida profissional a políticas econômicas na Grécia e na Europa", disse Papademos. "Estou convencido de que os problemas serão resolvidos mais rapidamente e a um custo menor se houver unidade, entendimento e prudência."

Papademos, 64 anos, é uma figura respeitada na Europa e nos mercados financeiros. Formado no Massachusetts Institute of Technology, foi durante oito anos vice-presidente do Banco Central Europeu. Antes disso, de 1994 a 2002, comandou o Banco da Grécia (o banco central do país), período em que baixou a inflação de 14,2% para 3,2% e coordenou a adoção do euro como moeda. "Ele não é responsável pela libertinagem fiscal da Grécia. A única coisa da qual se pode acusá-lo é que ajudou a pôr o país no euro", disse Riccardo Barbieri, economista-chefe para a Europa do Mizuho International.

Chris Williamson, economista-chefe da empresa de pesquisas de mercado Markit, não está confiante quanto à possibilidade de "um governo técnico não eleito" receber o apoio de sindicatos e da população para a aprovação de medidas de austeridade. "Há o perigo de o governo interino não ser capaz de implementar políticas, simplesmente porque, mais adiante, haverá eleições gerais e as coisas poderão ser revertidas, de modo que existe grande risco de um estado de limbo", diz.

Outra dificuldade para o sucesso de seu governo é que, segundo alguns críticos, Papademos "demora tempo demais para tomar decisões". "Pergunto-me se o seu estilo funcionará num momento em que a Grécia precisa de um líder forte e ágil", diz um ex-colega do banco central grego.

A escala da tarefa adiante do novo governo foi enfatizada ontem com a declaração da Comissão Europeia de que a dívida do país atingirá quase o dobro do tamanho da sua economia em 2012 - quando enfrentará o quinto ano seguido de contração. Também ontem, a agência nacional de estatísticas informou que o desemprego aumentou dois pontos percentuais em agosto, indo para 18,4%.