Título: Programa do PT diz que segurança depende de educação
Autor: Cristiane Agostine
Fonte: Valor Econômico, 26/05/2006, Política, p. A6
Em clima ameno, sem ataques à oposição, o programa nacional do PT foi propositivo e focado na educação. Depois da onda de violência da última semana, Luiz inácio Lula da Silva aparece defendendo os investimentos no ensino, na geração de renda e no combate à desigualdade social como melhor forma de investimento em segurança. Como um depoimento à população, Lula disse sentir muito por não ter tido acesso ao ensino superior e que, por isso, quer ser o presidente que mais investiu em educação.
As crianças e os jovens dominaram o programa, que começou perguntando a eles: "O que você vai ser quando crescer?". Nas palavras de uma apresentadora, "não existe nação desenvolvida sem investimento em educação" e o "conhecimento é o bem que muda a vida e faz a grandeza de um país". Os investimentos feito em educação pelo governo petista, segundo a propaganda, não podem ser comparados a nada já realizado anteriormente.
Em uma propaganda bem diferente das megaproduções já encomendadas pelo PT, o partido destacou a compra de material escolar, as bolsas-auxílio para os pais que deixam os filhos irem à escola e os investimentos na qualificação dos professores. A merenda escolar, ampliada a 37 milhões de crianças, foi transformada em um dos "maiores programas alimentares".
Nos 20 minutos do programa veiculado na noite de ontem no rádio e na televisão, o ProUni e o Bolsa Família mostraram-se como duas grandes vitrines do governo petista. O tema "educação" foi escolhido pessoalmente por Lula e pelo presidente do partido, Ricardo Berzoini.
O acesso à universidade ampliado para as pessoas mais carentes foi amplamente referido na propaganda. O reitor Paulo Spelles, da UFMT, saiu em defesa do governo e falou da recuperação da infra-estrutura das universidades federais e da ampliação do número de vagas. Berzoini exibiu programas de geração de emprego e renda e chama a atenção para as centenas de jovens pobres que agora têm acesso à universidade. O ex-ministro Jaques Wagner e o candidato ao governo estadual paulista, Aloizio Mercadante, reforçaram os programas federais voltados à formação profissional e à qualificação. "A educação é a política pública mais importante de nosso país", disse Mercadante.
Os últimos quatro minutos foram de Lula, que apareceu como presidente de honra do partido. Sem atacar o governo estadual paulista pela crise na segurança, Lula disse à população que é preciso investir em ensino para evitar a violência e, com um tom de voz mais ameno do que usa habitualmente em seus discursos e pronunciamentos, o presidente voltou a dizer que é mais barato investir em escolas do que em presídios.
As proposições, no lugar de ataques, foram defendidas pela direção partidária. "A população vai escolher pelas propostas", analisou o secretário-adjunto de comunicação do partido, Francisco Campos. "O tom agressivo não pega". O clima ameno ficou patente até mesmo no pequeno número de comparações das realizações do governo com a gestão anterior. Elas foram feitas apenas para comparar os investimentos no Fundeb e o Fundef, herdado por Lula.
Com o jingle "Sou brasileiro, acredito e quero mais; o futuro do país a gente que faz" , Lula terminou pedindo "que Deus abençoe" os brasileiros. O programa foi feito por Edson Barbosa, da agência Link Propaganda.