Título: Lula recupera popularidade de um ano atrás
Autor: Henrique Gomes Batista
Fonte: Valor Econômico, 08/12/2004, Política, p. A9

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu zerar as perdas de popularidade que sofreu no primeiro semestre, segundo a oitava pesquisa CNI-Ibope, divulgada ontem em Brasília. Os principais itens avaliados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) trazem índices de aprovação semelhantes aos apontados em dezembro de 2003, com uma diferença: naquela época os índices estavam caindo e agora estão em curva ascendente. Na avaliação da confederação, os bons dados da pesquisa estão intimamente ligados à melhoria da economia e da percepção de que o governo está conseguindo combater o desemprego, apesar de as entrevistas terem sido realizadas antes da divulgação dos novos número do PIB. A soma dos entrevistados que consideram ótimo e bom o governo era de 29% em junho, 38% em setembro e atingiu 41% em novembro. Há muita semelhança, segundo a CNI, com o índice de aprovação da política de combate ao desemprego: 28% em junho, 36% em setembro e 40% em novembro. Apesar dessa melhora, a população não está muito confiante em relação ao futuro: 43% dos entrevistados acreditam que o desemprego vai aumentar nos próximos seis meses, contra 30% que esperam que a desocupação caia no país. Esses números são praticamente os mesmos da última pesquisa, realizada em setembro: havia, à época, 44% de otimistas e os mesmos 30% de pessimistas sobre o desemprego. Outro ponto que a pesquisa capta é a diferença entre a avaliação do governo e a análise pessoal do presidente Lula: enquanto 41% dos entrevistados avaliam o governo de forma positiva, 63% estão confiantes em Lula. "Essa diferença demonstra que o presidente ainda goza de muito carisma", afirmou Armando Monteiro, presidente da CNI. Ele não acredita, porém, que isso seja suficiente para garantir a reeleição de Lula: "O eleitor evolui e somente carisma não garante uma eleição, é necessário apresentar resultados". A aprovação do governo cresceu 7% em relação a pesquisa de setembro, atingindo 62% o que, no entender da CNI, deve garantir um crescimento da avaliação positiva (soma de ótimo e bom do governo), pois os eleitores que no momento avaliam o governo como regular o aprovam. Por outro lado, a boa situação econômica deve reforçar a cobrança por melhorias em outras áreas do governo, como o combate à criminalidade e ações sociais. Pela primeira vez, a segurança figurou como a pior área do governo, com 35% de citações dos entrevistados. Até então, a liderança das reclamações ficava com o combate ao desemprego. No atual levantamento, este item fica com apenas 32% de citações. De forma geral, o governo foi melhor avaliado, tendo alcançado os mais altos índices de avaliação entre as quatro pesquisas realizadas pela CNI em 2004 em todos os setores. Os cenários apontados para as eleições de 2006 indicam que o presidente seria reeleito em primeiro turno em duas das três hipóteses elaboradas pela CNI-Ibope. O quadro que aponta a possibilidade de um segundo turno leva em conta a eventual candidatura de José Serra (PSDB), prefeito eleito de São Paulo. Para os próximos dois anos, segundo a pesquisa, 33% dos eleitores esperam que o governo reduza os impostos. Este foi o primeiro item de uma lista de oito medidas econômicas defendidas pela CNI. Em segundo lugar está a redução da inflação, com 29% da preferência. "Fizemos a pesquisa antes da divulgação dos números do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), o que deve ter reforçado o aumento da popularidade do presidente e do governo", afirmou Monteiro. A pesquisa foi realizada entre os dias 24 e 29 de novembro com 2.002 eleitores acima dos 16 anos em 140 municípios do país, o que garante uma margem de erro ao levantamento de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos.