Título: Países têm € 600 bi a vencer em 2012
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Fonte: Valor Econômico, 11/11/2011, Finanças, p. C10

Grécia, Irlanda, Itália, Espanha e Portugal - os países do chamado PIIGS - precisarão refinanciar € 600 bilhões em títulos soberanos que vencem em 2012, ilustrando o risco persistente de maior custo de funding na zona do euro.

O Banco Central Europeu (BCE) está sob pressão para agir mais fortemente. O banco aumentou ontem a compra de títulos soberanos da Itália, para prevenir a explosão do prêmio de risco, o indicador que melhor mede a confiança dos investidores e equivale ao rendimento adicional exigido dos bônus desses países ante os títulos alemães de 10 anos.

O rendimento dos papéis italianos de 10 anos, em 7,5% esta semana, quebrou uma barreira psicológica, apesar das repetidas aquisições de títulos pelo BCE, que acumulou € 183 bilhões no seu "Securities Market Programme".

Estimativas no mercado apontam necessidade de € 700 bilhões para a Itália colocar as finanças públicas em ordem, o que sugere que o BCE deveria fazer mais para desmontar a crise.

No entanto, aquisições maiores pelo BCE, para agir como emprestador de última instância, são vistas como inaceitáveis e ameaçam a independência do banco. E o Bundesbank alemão já avisou que isso seria ilegal.

Um dos conselheiros do BCE, o holandês Klaas Knot, avisou ontem que "não se pode esperar muito mais de nós", deixando claro os limites do banco para baixar o custo dos empréstimos dos países mais endividados a níveis sustentáveis - pelo menos por ora.

Os problemas da Itália aumentaram os riscos também para os bancos da zona do euro. Os indicadores de estresse do setor se elevaram e certos analistas apontam temor de "calote desorganizado", que levaria os bancos a mais baixas contábeis ("write-down").

Persiste a inquietação no mercado em relação ao risco de contágio da França. Os "spreads" dos títulos soberanos franceses aumentaram quase 100 pontos em relação aos papéis britânicos, no mais alto nível em uma década.

Só os bancos na Grécia, Irlanda, Itália, Portugal e Espanha detêm € 370 bilhões de títulos que precisam ser pagos em 2012 e 2013. Os bancos franceses e alemães têm a maior exposição aos títulos soberanos da Itália com € 53 bilhões e € 37 bilhões respectivamente.

O Instituto Internacional de Finanças (IIF), que representa os maiores bancos do mundo, aponta "rachaduras" na barreira de proteção de contágio da crise na zona do euro e indaga quem vai garantir o garantidor, ou seja, o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF, na sigla em inglês).

A constatação é de que a estrutura do EFSF estará em risco se outros grandes países da zona do euro como Itália e Espanha se tornarem recebedores, ao invés de contribuintes do fundo europeu. Ou que algum país com classificação "triplo A" perca esse rating, algo que ameaça a França.

Nesse cenário, o EFSF perderia seu rating "AAA", aumentando o custo de funding