Título: Advogados de Marcola depõem hoje na CPI
Autor: Cristiane Agostine
Fonte: Valor Econômico, 23/05/2006, Política, p. A6

Por motivos de segurança, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), evitou que um possível depoimento do líder do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, seja feito no Congresso. Integrantes da CPI do Tráfico de Armas, presidida pelo deputados Moroni Torgan (PFL-CE), pretendiam convidar o chefe do PCC para ouvi-lo sobre a série de rebeliões e ataques a policiais militares realizados em São Paulo.

Perguntado se havia feito algum pedido a Moroni para não chamar Marcola, Aldo foi taxativo: "Eu comuniquei ao deputado Moroni Torgan que o depoimento do Marcola não será realizado nas dependências da Casa. A responsabilidade pela segurança dos funcionários e dos deputados cabe a mim". Aldo negou qualquer ameaça à Câmara. Alguns órgãos de imprensa divulgaram suposta ameaça de bomba feita à Casa pelo PCC no fim de semana. "Não houve qualquer ameaça. As vistorias feitas pela segurança são rotineiras", afirmou. Apesar disso, a Câmara vai reforçar sua segurança, a partir de hoje, quando a CPI ouve os advogados do PCC Maria Cristina Souza Rachado e Sérgio Wesley da Cunha. Eles são acusados de pagar R$ 200 ao ex-funcionário da Câmara Arthur Vinícius Pilastre Silva para obter a gravação de uma sessão secreta realizada pela comissão.

Um dos procedimentos que se tornarão rotineiros a partir de hoje é a revista, por meio de detectores de metais, das pessoas que comparecerem a audiências públicas de comissões parlamentares de inquérito.

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, admitiu, ontem, que o governo federal estuda medidas para evitar a utilização de telefonemas pelos presos. "Os celulares são um dos maiores problemas da inteligência e da administração penitenciária. Estamos estudando uma medida abrangente para resolver este problema", anunciou.

Thomaz Bastos reconheceu que os celulares acabam se tornando muito mais perigosos do que o uso de armas pelos presos. "Muitas vezes, o celular desencadeia ações que resultam em danos muito piores do que um tiro de revólver."