Título: Dirigente tucano faz 'desabafo' contra Tasso, FHC e Aécio
Autor: Cristiane Agostine
Fonte: Valor Econômico, 23/05/2006, Política, p. A6

A ofensiva do PCC instalou o mal-estar dentro do PSDB. Os tucanos começam a expor publicamente suas diferenças em relação ao comportamento da cúpula do partido diante da crise de segurança pública em São Paulo.

Ontem, em seu boletim eletrônico, o deputado Alberto Goldman (SP), líder do PSDB até o início do ano, vice-presidente da sigla e integrante do comando das campanhas de Geraldo Alckmin para a Presidência e José Serra para o governo de São Paulo, criticou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador mineiro Aécio Neves e o presidente da sigla, o senador Tasso Jereissati (CE).

Os três estiveram em Nova York na semana em que ocorreu a crise em São Paulo, participando de eventos. Também esteve na cidade José Serra. No boletim, Goldman faz as críticas como "um desabafo para quem, como eu, ficou esta semana em São Paulo e Brasília".

O deputado prosseguiu afirmando que Fernando Henrique ficou em Nova York "falando demais". O ex-presidente criticara a possível negociação com o crime organizado que teria sido feita pelo governo paulista. Mencionou que Aécio estava na cidade dos Estados Unidos " com sua tradicional pinta de boa vida". Disse que Tasso esteve em Nova York "fazendo pronunciamentos inconvenientes".

Tasso havia afirmado, em entrevista, que o crime organizado no Brasil estaria em estágio pré-mafioso. E Goldman conclui: "Todos encobrindo, de forma negativa, os esforços de Geraldo Alckmin aqui, na província. Felizmente Serra, também em Nova York, não falou, nem se reuniu em convescote. Fez bem", disse.

Aécio e Fernando Henrique jantaram ontem no Palácio das Artes, em Belo Horizonte. A assessoria de imprensa do mineiro comentou que Goldman desconhece as atividades do governador, que teria assinado contratos para empréstimos de US$ 330 milhões junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Banco Mundial.

Fernando Henrique, na saída do jantar, limitou-se a dizer que em momento algum criticou o governador paulista Claudio Lembo (PFL). "Foi uma má informação, um erro de comunicação. Se ele (Lembo) tivesse ouvido tudo que eu disse em Nova Iorque, diria que eu expressei solidariedade às vítimas, à polícia de São Paulo. Falaram, 'ah, mas está havendo uma negociação'. Eu disse: 'Não acredito. Se houver é tática'. Enfim, foi uma coisa absolutamente tranqüila. Há total solidariedade", disse. Em trânsito de Nova York para o Brasil, Tasso Jereissati não pode ser contatado.