Título: Acampados no salão
Autor: Mariz, Renata
Fonte: Correio Braziliense, 18/08/2010, Brasil, p. 10

A decisão de suspender a sessão no plenário da Câmara dos Deputados, ontem, foi o estopim para uma confusão entre os agente penitenciários e a Polícia Legislativa da Casa. Frustrados com a paralisação dos trabalhos pelos parlamentares que devem retomar a discussão hoje à tarde , os manifestantes que vieram de diferentes estados para acompanhar a votação da PEC n° 308/2004 decidiram acampar no Salão Verde, apesar da tentativa da polícia de impedi-los.

O bicho pegou. Houve empurrões.

Fernando Anunciação, presidente do sindicato de Mato Grosso do Sul, levou uma gravata da polícia daqui. Está com dores no pescoço.

Mas vamos permanecer, diz João Rinaldo, presidente do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional de São Paulo. Segundo ele, os agentes chegaram ao extremo devido ao cansaço. Estamos fazendo caravanas aqui regularmente.

Só neste mês, é a segunda.

Então nos desanimamos ao saber da suspensão da sessão, explica.policiais e bombeiros acamparam nas dependências da Câmara dos Deputados ontem, totalizando cerca de 600 pessoas.

Isso porque há uma outra PEC, a de n° 300, de 2008, propondo um piso salarial para as duas categorias.

Além disso, a matéria define a criação de um fundo com recursos da União para ajudar os estados a custearem o aumento nas remunerações.

A despeito de toda a confusão de ontem, Tamara Melo, advogada do ONG Justiça Global, engrossa o coro dos contrários à criação da Polícia Penal. Não é assim que terão condições melhores de trabalho. Além disso, abre espaço para tortura e corrupção.

Só agravará a natureza fechada e corporativista do sistema prisional, diz. Gustavo Alexim, sindicalista do DF, não concorda: Essas questões vão da índole.

Queremos um controle externo do MP forte e apurações rígidas para eventuais desvios de conduta.