Título: Ponto crítico
Autor: Mariz, Renata
Fonte: Correio Braziliense, 18/08/2010, Brasil, p. 10

Você é a favor da criação da Polícia Penal no Brasil?

SIM » JOÃO RINALDO MACHADO Os agentes penitenciários são policiais de fato,mas não de direito.Então, a criação da polícia penal não mudaria muito as nossas atribuições.

Acreditamos que será,na verdade, uma forma de reconhecimento da profissão.

Além disso, ajudará a criar uma uniformidade dentro das penitenciárias, pois, atualmente, em alguns estados brasileiros, existem concursados, terceirizados e policiais, todos cuidando da custódia de presos.Haverá também mais profissionalização, pois os estados terão de investir na capacitação dos agentes.

Cobraremos uma preparação equivalente à dos policiais militares e civis.Com a atribuição de investigar, poderemos cuidar melhor das penitenciárias.Hoje, se você pega um preso traficando dentro da penitenciária e o leva para o delegado, corre o risco de ser processado.Basta que ele diga que a droga, na verdade, era sua.Ou seja, nós não temos a boa-fé que o policial tem hoje. Presidente do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional (Sifuspesp) Você é a favor da criação da Polícia Penal no Brasil? NÃO » SÉRGIO MAZINA MARTINS Nos preocupa muito a criação de um órgão policial.

Como está na Constituição,a investigação deve ser feita pela Polícia Judiciária, que é nossa Polícia Civil. Essa tarefa não pode ser segmentada, pois o crime não é segmentado.Vamos supor que um preso mate outro na cadeia. Será preciso verificar se esse homicídio tem a ver com as relações dele fora do presídio.

E quem vai fazer isso? O agente penitenciário não vai investigar fora e a Polícia Civil será impedida de investigar dentro.

Só vai seccionar o trabalho entre duas polícias que nunca vão se entender. É uma temeridade do Estado dar poder de fazer investigações em nome dele próprio a um novo grupo.Não há nada mais complicado do que criar uma polícia.A diferença de atribuições entre os dois é clara.Enquanto o interesse do agente penitenciário é cuidar da ordem do presídio, o policial previne crimes, no caso do militar; ou esclarece crimes,no caso do civil. Não é esse o campo de atuação dos agentes,que cuidam da disciplina,da ressocialização e das necessidades humanas dos presos. Presidente