Título: Grupo investe em produção de álcool para abastecer frota de caminhões
Autor: Ivana Moreira
Fonte: Valor Econômico, 23/05/2006, Especial, p. A12

A lavoura da cana-de-açúcar deverá ocupar 21 mil hectares dos 67 mil hectares irrigados no Jaíba, quando o projeto estiver totalmente implementado. Um novo pólo de produção de cana surgirá no país, ocupando mais de um terço dos 59 mil hectares destinados ao uso empresarial.

Hoje, a fruticultura domina a produção nos 8,3 mil hectares já ocupados na área chamada de "etapa 1". "Mas não é que exista uma vocação natural para a fruticultura", diz o gerente-executivo do projeto, Luiz Afonso Vaz. "Isso é resultado de um certo dirigismo que houve no passado."

Para Vaz, o mercado é quem determinará quais lavouras vão surgir no Jaíba no futuro. "Tendo mercado, pode-se plantar de tudo, da cana ao café." Tanto a cana-de-açúcar quanto o café já são realidade nas terras irrigadas do Jaíba. Mas chegaram há pouco, depois que os 16 mil hectares da etapa 2 foram licitados, no fim de 2003.

O plantio de cana do Grupo Sada - que reúne 11 empresas e atua principalmente no setor de logística - teve início em dezembro. Em 560 hectares, 60 trabalhadores contratados pela empresa cuidam da cana que será utilizada como muda na lavoura, que ocupará mais de 7 mil hectares.

A produção será utilizada na usina de álcool que já começa a ser erguida. O objetivo é garantir combustível para abastecer a própria frota de caminhões da Sada. O grupo planeja ainda construir uma usina de biodiesel a partir do pinhão, fruto típico da região.

A idéia é fazer uma parceria com os pequenos produtores para que eles forneçam o pinhão. De acordo com o plano de investimentos do grupo, já foram aplicados R$ 30 milhões no projeto de produção de álcool no Jaíba. O aporte total poderá ultrapassar os R$ 50 milhões, com a usina de biodiesel.

A Pomar Brasil também aposta na parceria com os pequenos. O Grupo Brasil, ligado à siderurgia, vai estrear no agronegócio investindo R$ 35 milhões na instalação de uma fábrica de sucos de fruta. Além do plantio próprio em 800 hectares, a empresa vai contar com a produção de pequenos produtores para fabricar sucos de abacaxi, goiaba, manga e maracujá.

Essa parceria com os pequenos é o que está garantindo a produção de oito fábricas de sementes, multinacionais, que se instalaram na região nos últimos quatro anos. "Quem puxa o desenvolvimento é o empresário, que tem recursos próprios para trazer tecnologia até para os pequenos", diz Paulo Roberto de Carvalho, representante da Codevasf em Jaíba. (IM)