Título: Petrobras sinaliza que nova refinaria pode ficar no Rio
Autor: Francisco Góes
Fonte: Valor Econômico, 08/12/2004, Especial, p. A14

A Petrobras deverá definir no primeiro semestre de 2005 a localização da unidade que irá produzir matéria-prima petroquímica a partir de óleo pesado, em um investimento de US$ 3 bilhões. Ontem, o presidente da estatal, José Eduardo Dutra, sinalizou que o Rio deverá ficar com o projeto, que terá capacidade de processar 150 mil barris/dia de óleo do campo de Marlim, na Bacia de Campos, e produzirá, além de insumos petroquímicos, diesel e GLP. O diretor de abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, disse que a estatal estuda o projeto com o grupo Ultra e que em seis meses a estatal disporá de maiores informações sobre as características do projeto, incluindo a localização. Ele reconheceu que, por ser projeto de grande dimensão, outros sócios, além do Ultra, poderão participar. E não descartou que a unidade possa ser instalada no município de Itaguaí, onde a Petrobras é dona de uma área, em sociedade com outras companhias. Fonte próxima das negociações confirmou que interessa à Petrobras ter mais de um sócio. No mercado, comenta-se que o grupo Suzano já foi sondado. Existe a possibilidade de um desenho tripartite para o empreendimento, com a Petrobras detendo cerca de 60% (US$ 1,8 bilhão do investimento) e os outros dois sócios 20% cada um. Essas participações equivalem a um aporte de US$ 600 milhões para cada sócio, valor considerado pesado para grupos privados. O temor de futuros investidores em relação ao projeto é que ele não tem uma tecnologia definida, o que embute alto risco no investimento. As obras da unidade poderiam começar em 2007, com o início da operação em 2011. Dutra não mencionou quais seriam os possíveis sócios do empreendimento, mas confirmou que a Petrobras poderá ter mais de um parceiro no projeto. O executivo reconheceu que, se o pólo ficar no Rio, deverá ir para Itaguaí, mas lembrou que a governadora Rosinha Matheus tem proposta para levar o projeto para o norte fluminense. O secretário de Energia, Indústria Naval e Petróleo do Rio, Wagner Victer, comemorou a disposição da Petrobras. "O Estado vai apoiar o projeto por meio da concessão de incentivos fiscais e, agilizando licenças ambientais", disse. Nos meios políticos, comenta-se que o governo do Estado já ofereceu US$ 300 milhões à Petrobras, recursos originários do fundo dos royalties, além de liberar a estatal para passar por terra oleodutos que levarão derivados a São Paulo. O problema é que no norte fluminense o projeto ficaria US$ 500 mil mais caro, porque teria de ser criada infra-estrutura logística, como um porto para escoar a produção. Dutra voltou a dizer que a Petrobras poderá antecipar os planos de construção de uma refinaria convencional caso se confirme o aumento no consumo de derivados. A antecipação seria apenas de um ano, de 2010 para 2009. O presidente da Petrobras comentou o atraso no recorde de produção diária de petróleo pela estatal, inicialmente previsto para dezembro, e que deverá ficar para janeiro. O motivo foi o atraso da entrada em operação da plataforma P-43.