Título: Presidente defende reforma trabalhista
Autor: Raquel Salgado
Fonte: Valor Econômico, 22/05/2006, Política, p. A7

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em encontro com sindicalistas em São Paulo, defendeu a regulamentação do trabalho dos comerciários aos domingos. Esse é um dos entraves da proposta apresentada pelo governo de reforma da legislação trabalhista e tem sido debatido em conjunto por empregadores, trabalhadores e o Ministério do Trabalho. "Todo mundo sabe que é ruim trabalhar aos domingos, mas todo mundo sabe que as pessoas adoram fazer compras nesses dias e, por meio da negociação, é preciso encontrar um meio termo que possa dar aos trabalhadores o direito de ter o domingo para descansar, mas também dar ao povo o direito de poder escolher o dia que quer comprar", disse no evento de inauguração da nova sede do Sindicato dos Comerciários de São Paulo.

Lula afirmou também que as reformas sindical e trabalhista sairão, mas não disse quando isso irá acontecer. Tudo caminhará, de acordo com ele, "na medida em que haja uma evolução na consciência dos dirigentes sindicais e dos trabalhadores". O presidente salientou que a legislação trabalhista será modificada sem prejuízo para os trabalhadores.

Contudo, ressaltou que não se pode mais ter as mesmas leis da década de 40. "Nós estamos no século XXI, na era da informática, na era da química fina, na época das fibras óticas, ou seja, nós não podemos ter a mesma legislação que a gente tinha quando o Brasil estava começando o seu processo de industrialização", disse. E passou a bola para os trabalhadores e sindicalistas. "Como combinar essas mudanças, não perguntem ao presidente da República. Vocês é que têm que elaborar essa reforma trabalhista", afirmou.

Ele admite que a negociação é difícil e leva tempo. "Combinar os interesses de empresários e empregados numa mesa é mais difícil do que o governo editar um decreto, uma medida provisória ou um projeto de lei". Mas, segundo Lula, é preciso acreditar na capacidade de negociação, pois o país está cheio de leis que não pegam e é preciso evitar que isso aconteça com as reformas sindical e trabalhista.

O presidente e ex-metalúrgico fez questão de dizer também que nos dias de hoje o papel do sindicato não está relacionado somente à contestação. Segundo ele, é preciso que os sindicatos sejam propositivos e consigam melhorar as condições de suas categorias. "O fato de a gente ir na porta de fábrica falar mal do empregador e falar mal do governo, já nos dava o direto de dizer que éramos bons dirigentes sindicais. Hoje, o sindicato precisa ir além". (RS)