Título: Indicador "Big Mac" de consumo mostra forte retomada em 2004
Autor: Claudia Facchini
Fonte: Valor Econômico, 08/12/2004, Empresa, p. B2

Há tempos o McDonald's não registrava um ano tão positivo no Brasil. "Somos um termômetro da economia, uma vez que o nosso setor é muito sensível à renda. Se a economia vai bem, vamos ainda melhor. Mas, quando a economia vai mal, os efeitos são ainda mais negativos para o McDonald's", explica o argentino Sergio Alonso, que, por sorte, assumiu a presidência da multinacional no Brasil há um ano, quando o cenário começou a melhorar. Os números da rede neste ano, acrescenta, corroboram a uma retomada mais forte do consumo do que a prevista. Para 2005, porém, Alonso prefere não arriscar e mantém uma meta conservadora de crescimento, de 4%, não muito diferente da expansão do PIB. Depois de fechar 35 restaurantes em 2003, terminando o ano passado com zero de crescimento nas vendas, 2004 marcou a virada da maior rede de fast-food . As vendas deverão crescer 12% neste ano, muito acima das expectativas iniciais da corporação americana, que já havia revisado três vezes suas projeções ao longo dos últimos 12 meses. As metas começaram em 3,5% no primeiro semestre. Em julho, já estavam em 5% e, em setembro, subiram para 9%. Somente durante a promoção do McLanche Feliz, em outubro, quando foram distribuídos bichos de pelúcia, o grupo atingiu um recorde de 5 milhões de unidades vendidas do produto em 30 dias, o maior volume já registrado em toda a América Latina. Mesmo sem inaugurar restaurantes, o faturamento de R$ 1,9 bilhão projetado para este ano também será recorde para o McDonald's no Brasil, em moeda local. A inflação "interna" dos produtos consumidos pela rede ficou em 6,5%, o que significou um aumento, em termos reais, de 5,5%. No entanto, com a chegada no Brasil do seu maior concorrente mundial, o Burger King, Alonso guarda na manga da camisa munição para reagir à competição, embora negue que as iniciativas previstas para 2005 estejam associadas à vinda da número dois do hambúrguer ao país. No dia 16 de dezembro, o McDonald's fará a maior inovação do seu cardápio já realizada no Brasil, com o lançamento de oito novos produtos, incluindo um sanduíche de frango, sobremesas, saladas e bebidas. Os produtos serão incorporados de forma permanente ao cardápio e seguem a linha "light" adotada internacionalmente pelo McDonald's. O lançamento contará com uma verba de R$ 4 milhões em mídia, valor semelhante aos das grandes promoções realizadas pela rede. Alonso também já volta a falar em expansão, depois de fechar lojas deficitárias nos últimos anos, e prevê a inauguração de cinco a dez lojas no ano que vem. Sobre o Burger King, Alonso afirma estar "acostumado" à concorrência e que, no médio prazo, a entrada da rede de fast-food em São Paulo não representa uma ameaça. O McDonald's possui 549 restaurantes e 1,2 mil pontos-de-venda no Brasil. O Burger King abriu três lojas nas duas últimas semanas na cidade, mas adotou uma estratégia agressiva de marketing, com provocações explícitas ao McDonald's. Nas duas lojas vizinhas ao seu novo concorrente, as vendas ficaram acima da média, espicaça Mauro Multedo, diretor de marketing do McDonald's. As longas filas que se formaram no Burger King no Shopping Ibirapuera, de mais de 30 minutos, acabaram capturando clientes. "Concorremos com o Burger King em 60% dos países em que atuamos", diz Alonso.